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Por Flávio G. Souza

Um dia estava conversando com dois amigos sobre a famosa passagem de João 3.30, e um detalhe no texto me chamou muito a atenção. Na passagem de João 3.25 ocorre uma discussão entre os discípulos de João e um judeu acerca do batismo. Porém João Batista sabendo onde essa discussão ia levar e consciente do seu chamado, deu uma resposta que podemos dividir em quatro partes.

Na primeira, ele lembrou-lhes que todos os homens estão, em última análise, sujeitos à soberania de Deus. O homem não pode receber coisa alguma, se lhe não for dada do céu (27; Cf. 3.3). Na segunda, ele deixou claro o seu verdadeiro relacionamento com o Cristo, lembrando aos seus inquisidores uma afirmação anterior: Eu não sou o Cristo (28; cf. 1.20). Contudo, ele reconhece e afirma o seu próprio papel como alguém que está relacionado a Cristo: Sou enviado adiante dele (28). Na terceira parte de sua resposta, ele usou o exemplo do noivo, da noiva e do amigo. Devido ao noivo ser quem de fato é, existe uma verdadeira alegria e deleite no coração do amigo.[1]

Sobre João ter usado a figura do amigo do noivo para explicar o seu chamado, F. F. Bruce faz um comentário bem interessante sobre a passagem, diz ele: Em um casamento, o padrinho não fica triste por não ser o noivo; ele está ali para ajudar o noivo e certificar-se de que tudo dê certo, enquanto este se une à noiva de sua escolha. O padrinho fica satisfeito se o casamento transcorre com sucesso e o novo casal se alegra na companhia um do outro.

Desta maneira, João está satisfeito por ter apresentado Jesus aos fiéis em Israel. No tempo do A.T. (e em algumas outras culturas) o rei - especialmente o rei divino de Israel - era considerado casado com seu povo ou sua terra; este é o centro da promessa a Sião em Isaías 62:4: “Chamar-te-ão: Minha delfcia (Hephzi-bah)', e à sua terra: Desposada (Beulah); porque o Senhor se delicia em ti; e a tua terra se desposará... como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus”. Por isso, as palavras de João podem conter um segundo sentido, de que Jesus é o verdadeiro Rei e Messias de Israel. (Pode haver a mesma implicação nas palavras de Jesus em Marcos 2.19 de que os convivas do casamento não podem ser obrigados a jejuar “enquanto o noivo está com eles”; e o quadro “da noiva, esposa do Cordeiro” em Apocalipse 21.9 conta sua própria história). João foi o precursor que preparou a entrada em cena do Messias, e pode agora retirar-se satisfeito, já que o Messias veio e começou a ser aceito por seu povo.

João não traz nenhum sentimento de inveja ou rivalidade. Não é fácil ver a influência de outro crescer às custas da nossa; ainda menos fácil é alegrar-se com isto. João viu sua alegria ser completada com as notícias que seus discípulos trouxeram. Ele veio para dar testemunho, e quando viu tantos atraídos a Jesus por seu testemunho, descansou contente. Convêm que ele cresça e que eu diminua são as últimas palavras de João registradas neste evangelho.[2]

Na discussão entre o judeu e os discípulos de João Batista, Jesus é aparentemente visto como rival (Jo 3.25). E isso ocorre mesmo com os discípulos sabendo que João não era o Messias (Cf. Jo 1.19-20), diante do crescimento da popularidade de Jesus. Mas João sabia qual era seu chamado, e quando indagado por seus discípulos por Jesus estar se destacando, sabia que seu papel era só para preparar o caminho. Isso é provado quando João manda seus discípulos perguntarem se Jesus era aquele que haveria de vir (Cf. Mt 11.1-5).

E assim devemos ser, tomemos isso como aprendizado para nossa vida, que Jesus apareça a cada dia e nós venhamos a diminuir, pois os elogios só nos levam ao comodismo e inflamam o nosso ego, coisa que devemos tomar cuidado. Pois, o Reino dos Céus é dos mansos e humildes de coração e daqueles que diminuem para Cristo aparecer (Cf. Mt 18.3-4; 23.12; Jo 3.5).

Deus abençoe.
Graça e paz.

Referências bibliográficas:
[1] Comentário Bíblico Beacon, CPAD, Pág. 54, 1ª Edição 2006
[2] João, Introdução e comentário, F. F. Bruce. Ed. Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, Pág. 92. 1987, 1ª Edição.

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