Menu

ad text top

Devocional

Cute

My Place

Videos

Por Flávio G. Souza

1. INTRODUÇÃO

Sobre a origem e queda de Satanás, existem muitas dúvidas e poucas informações acerca deste tema nas Sagradas Escrituras. Mas é possível sabermos a origem e a queda de Satanás? Lúcifer realmente era seu nome? 

Neste estudo vou expor meu ponto de vista sobre o assunto, sei que existe muita discordância acerca deste tema e são poucos os textos bíblicos que nos fornecem pistas da identidade de Satanás.

2. COMO OCORREU A QUEDA DE SATANÁS?

Um dos textos que são usados para tentar explicar, a origem e queda de Satanás é Ez 28.12-15.

"Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ónix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas."

Ez 28.12-15

A passagem é referente ao rei de Tiro, como pode-se notar no início do versículo, onde também subentende-se que o texto faz uma referência indireta sobre Satanás. Podemos ver isso também no Novo Testamento, quando Jesus disse, "Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago" (Lc 10.18). Há discordância sobre o texto de Ez 28,12-15, por não falar especificamente de satanás, porém faz-se uma referência indireta ao pecado de Satanás. 

Também temos Is 14.12-14

"Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo."


2.1. O texto de Lucas 10.18 corrobora com Isaías 14.12-14

Entre os acadêmicos encontramos as seguintes interpretações sobre o texto:

1. É Satanás, porque a pessoa aqui mencionada é muito capitalista para ser qualquer rei humano. Além disso, Satanás encaixa nos versículos 12-14, não assim com o resto do capítulo.
2. Poderia ser Senaquerib ou Nabucodonosor, reis que tinham um poder supremo. Seus povos os consideravam deuses. Estes reis desejavam governar o mundo.
3. Poderiam ser ambos, Satanás e um grande rei humano, talvez Nabucodonosor já que Babilônia se descreve como um trono do mal em Apocalipse 17, 18. O pecado de Satanás e Babilônia foi a soberba. Comum a estes três pontos de vista é a verdade de que a soberba está contra Deus e terá como resultado seu castigo. Israel cometeu o engano de ser muito orgulhoso para depender de Deus e nós somos vulneráveis a cometer o mesmo engano. [1]

Eu fico com a terceira interpretação, até por ela ser a mais coerente e prevalecer entre os teólogos, o texto faz uma tipologia a pessoa de Satanás.

A ORIGEM DE SATANÁS


Foi um dos espíritos criados por Deus antes do ser humano (Jó 38.7; Ez 1.5; 28:12-14). Ocupava posição extremamente exaltada e muitos acreditam que poder maior que o seu só se encontra no próprio Deus. (Ez 28:11-15). Essa mesma passagem indica que originalmente, Satanás não era um ser pervertido mas perfeito em sua personalidade e em sua astúcia, misturada com a sua natureza destruidora.

A ORIGEM DO MAL

Em geral, os teólogos concordam que satanás pecou para ele ter sido expulso do céu, só há uma divergência sobre como isso aconteceu. Dentro o estudo da teodiceia que se procura solucionar o problema do mal, encontramos cosmovisões distintas do teísmo, como o pensamento judaico cristão não enfrenta necessariamente um dilema de explicar a existência do mal. Temos diversos tipos de teodiceia, são elas:

1. TEODICEIA DO LIVRE ARBÍTRIO

Essa é a posição clássica e mais antiga na história das religiões monoteístas. Diante da realidade do mal, ela afirma que Deus permite o mal e o utiliza para fins bons. Ele permite o mal para produzir um bem maior. Para explicar a origem do mal, afirma-se que o mal sempre seria uma possibilidade, visto que Deus criou seres dotados de vontade livre. E para que fossem de fatos livres, e não máquinas, esses seres sempre teriam a possibilidade de optar contra a vontade de Deus, dando assim origem ao mal.

2. TEODICEIA PEDAGÓGICA

Na teodiceia pedagógica o enfoque é deslocado da origem do mal, e é colocado principalmente nos possíveis bons resultados da experiência do sofrimento. A ideia é que a experiência do sofrimento (mal) seria um benefício indispensável para o melhor desenvolvimento das capacidades humanas, do contrário a humanidade permaneceria eternamente na infância.

3. TEODICEIA ESCATOLÓGICA

O sofrimento e injustiça da vida são uma realidade indiscutível. Todavia, numa teodiceia escatológica, i.e, que se refere as últimas coisas, há esperança para o problema, pois ela está baseada na convicção de que a vida transcende a morte e que justiça e injustiça receberão em sua devida recompensa.

4. TEODICEIA PROTELADA

Trata-se da postura de expectativa e fé positivas em que Deus a despeito do mal. A fé na soberania e bondade finais de Deus almeja o entendimento de todas as questões. A diferença entre essa teodiceia e a teodiceia escatológica é a seguinte: na teodiceia protelada, espera-se mais uma compreensão do que uma compensação final do mal.

5. TEODICEIA DA COMUNHÃO

Na maior parte das vezes, a experiência do sofrimento tem levado muitos a encontrarem motivos para romper com o divino. Esta é, por exemplo a fonte do ateísmo, do agnosticismo e do antagonismo religioso. Essa posição, no entanto, enfatiza que Deus é o principalmente percebido e conhecido no sofrimento. O Deus verdadeiro é aquele que se compadece. É o Deus que sofre com suas criaturas e que de certa forma, é vítima do mal com elas. Esta teodiceia não explica por que existe sofrimento imerecido. [2] Agostinho de Hipona por exemplo, corroborou com a teodiceia do livre arbítrio, como uma solução para explicar o porquê da existência do mal.
A ORIGEM DO NOME "LÚCIFER"

A origem deste nome vem da tradução Vulgata latina feita por Sofrônio Eusébio Jerônimo (345-420), onde ele recebeu a incumbência em 382 d.C, iniciando o seu trabalho quase que de imediato, fez a revisão dos evangelhos completando-os em 383, porém hoje não se sabe qual texto latino foi usado para realizar a revisão, é provável que tenha sido o texto do tipo alexandrino.[3]

O nome Lúcifer significa "Estrela da manhã", "filho da alva" ou "o que brilha", "o que traz luz" e "portador da luz". A palavra Lúcifer foi usada na versão em Latim da Bíblia, na Vulgata para traduzir a palavra hebraica heylel.   É atribuído a satanás em Is 14.12 e Lc 10.18.

O dicionário Strong também traduz da mesma forma

הילל (heylel): aquele que brilha, estrela da manhã, Lúcifer
1a) referindo-se ao rei da Babilônia e a Satanás (fig.)
2) (DITAT) ’Helel’ descrevendo o rei da Babilônia
CONCLUSÃO

Creio que o nome Lúcifer não foi uma invenção de Jerônimo na Vulgata Latina ou da igreja, é apenas a transliteração da palavra hebraica הילל (heylel)E não entendo o porquê que muitos teólogos rejeitam essa corrente, pois é feita uma comparação nos textos citados acima, não falando diretamente de Satanás, mas fazendo uma alusão ao pecado de Satanás e a causa de sua queda. 

Referências bibliográficas:
[1] Bíblia Diário Viver.
[2] SAYÃO, LUIZ, O problema do mal no Antigo Testamento, o caso de Habacuque, Pág. 26-31 - São Paulo - Hagnos, 2012.
[3] GEISLER, Norman, Introdução bíblica/ Norman Geisler e William Nix, tradução Osvaldo Ramos. - São Paulo: Editora Vida, 2006. Pág, 213.
-