Muitos têm grande dificuldade para compreender a doutrina da Trindade, mas será que este ensino condiz
com as Sagradas Escrituras? Os críticos afirmam que foi uma
invenção da igreja católica, e não se encontra nas Escrituras, afirmando que crer
em trindade é politeísmo.
Onde encontramos a Trindade na Bíblia?
Em 1 Co 12.4-6, vemos Paulo tratando sobre
Deus se revelar de diversas maneiras, aqui temos uma referência indireta a Trindade, pois não há conflitos de interesses entre as diversas manifestações
do Deus uno e trino.
Outro texto em referência é 2 Co 13.13,
onde vemos uma referência da benção apostólica, ou mais conhecido como a benção
trinitariana, embora a palavra Trindade não venha aparecer na Bíblia vemos o
conceito claramente exposto.
Para compreendermos, precisamos entender
os três pontos fundamentais da fé cristã, são eles:
1. A graça do Senhor Jesus Cristo 13.13, ou seja, a graça foi revelada por meio
do Senhor Jesus através de sua encarnação, morte e ressurreição. Jesus sendo
Deus (Fp 2.6-8), se fez homem, foi como um de nós, mesmo sendo Rei dos reis se
portou como servo, sendo rico se fez pobre, sendo bendito assumiu nosso lugar
na cruz e nos deu a vida de forma gratuita, mesmo sem merecermos.
Só amamos a Deus porque Ele nos amou
primeiro (1 Jo 4.19), se doando como sacrifício perfeito, aplacou a ira de Deus
levando sobre si nossos pecados. A graça de Deus é totalmente imerecida, não
vem de nossos méritos, vem dEle, pois nossa justiça é como trapo de imundícia
(Is 64.6).
2. O amor de Deus, Deus nos amou, mesmo a humanidade sendo
ela uma raça de pecadores, Ele ainda assim manifesta a Sua graça salvadora de
forma imerecida, não há nada em nós que faça Deus nos amar mais ou amar menos.
3. Comunhão do Espírito Santo, Só temos comunhão plena com Deus quando
conhecemos a Sua Graça e a experimentamos mediante o auxílio do Espírito, pois
é Ele quem nos ajuda em nossas fraquezas. Somente através dEle somos
convencidos do pecado (Jo 16.8) e é por causa dEle que nossa santificação é
possível. [1]
O texto de 2 Co 13.13, tem um
paralelismo com a benção sacerdotal em Nm 6.24-26. Essa
benção não é tão comum nas epístolas paulinas. Isso não tem a intenção de
provar a trindade, mas se trata de um pronunciamento habitual do ministro
ao despedir os fiéis. Essa prática já existia na era
apostólica, o que não foi algo inventado na história.
A Bíblia é clara em dizer que só existe um
único Deus (Dt 6.4), e Jesus vindo do Pai o revelou a nós (Jo 1.18). Jesus
possuindo a mesma essência ou natureza divina é um com Deus (Jo 10.30), o Pai é
maior que Jesus (Jo 14.28), portanto não é a mesma pessoa do Pai, como crer-se no modalismo. Para entendermos o porquê o Pai é maior que Jesus, precisamos analisar toda a Escritura, pois não se faz doutrina em cima de um
texto sem considerar o restante.
Por que Jesus disse que o Pai é maior do ele?
Quando Jesus falou que o Pai era maior do
que ele, estava falando como homem (Fp 2.6), porque estava subordinado ao
Pai, dirigido pelo Espirito Santo, como uma condição para que pudesse
cumprir a sua missão de morrer pelo mundo. Paulo descreve que ele esvaziou-se a si mesmo para
viver como servo (Fp 4.7).
Jesus na terra a todo o momento viveu
como homem se submetendo ao Pai. Como Deus, era igual ao Pai (Jo
14.9-11); mas como homem era menor e viveu como servo (Fp 2.8; Jo 1.14). Se a expressão "O Pai é maior do que
eu" fosse um ensino bíblico que viesse a negar a Deidade de Cristo, também precisamos aceitar que Jesus é inferior aos anjos (Hb 2.9), portanto não
afeta a divindade de Jesus. [2]
A Bíblia revela com clareza que Jesus é
Deus (Jo 1.1; Cl 2.9), também afirma que o Espírito Santo é Deus (1 Co
3.16; At 5.3). O Espírito Santo é considerado uma pessoa, até porque
não é necessário ter um corpo físico, porém ter as seguintes características,
intelecto, vontade e sentimentos. O episódio de Ananias e Safira
por exemplo, eles mentiram para o Espírito Santo e não a uma força ativa. Analisando outros textos, vemos que o Espirito Santo é uma pessoa, pois Ele
também se entristece (Ef 4.30), nos consola (Jo 16.7), pensa (Rm 8.17), deseja
(1 Co 12.11), ama (Rm 15.30), se alegra (Gl 5.22-23) e nos encoraja (At 9.31).
Atos 8.16 contradiz a Trindade?
Jesus mandou fazer discípulos de todos os
povos, batizando em nome do Pai, Filho e do Espírito Santo. (Mt 28.19). O
ensino da trindade foi ratificado pelos pais da igreja primitiva desde os
tempos dos cristãos mais remotos, uma prova disso foi o concílio de Niceia. O
concílio de Niceia (325 d.C) apenas comprovou algo que Tertuliano já havia formulado cem
anos antes, também temos o concílio de Constantinopla (381 d.C) ratificando este ensino.
A Trindade no Tretagrama
Vemos o Tetragrama (as
quatro consoantes do nome divino YHWH), sendo aplicado ao Pai sozinho (Sl
110.1), ao Filho (Is 40.3; Mt 3.3) e ao Espírito Santo (Ez 8.1,3), no entanto,
aplica-se também à Trindade (Sl 83.18).
O conceito do Deus trino e uno somente é encontrado na
tradição judaico cristã
O conceito do Deus trino não surgiu
mediante especulações de homens, mas através da revelação outorgada passo a
passo na Palavra de Deus. Vemos isto em todos os escritos apostólicos, a
trindade é tomada como certa (Ef 1.1-14; 1 Pe 1.2). As pessoas da trindade têm
vontades separadas, porém nunca são conflitantes (Lc 22.42; 1 Co 12.11). O Pai
fala ao Filho, que vem empregar o pronome da segunda pessoa do singular (Cf. Hb
9.14; Jo 6.38).
No Antigo Testamento (AT)
A trindade ou o Deus trino e uno é encontrada no AT (Gn 1.26; 3.22; Is 6.8). Vemos Jesus apresentar o Pai e o Espírito
Santo em um relacionamento (Ex: Eu, tu e ele), em Jo 16.7-16,
e antes da ascensão ao céu, ele mandou batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo.
O termo trindade vem do grego trias, e do latim trinitatem Grupo de três pessoas. [3] Apesar de não ter essa palavra na Bíblia, isso não é motivo para dizer que ela não existe. O primeiro a usar este termo foi Teófilo e depois por Tertuliano em sua forma latina.
O termo trindade vem do grego trias, e do latim trinitatem Grupo de três pessoas. [3] Apesar de não ter essa palavra na Bíblia, isso não é motivo para dizer que ela não existe. O primeiro a usar este termo foi Teófilo e depois por Tertuliano em sua forma latina.
Monarquistas Dinâmicos
Trata-se de um movimento que surgiu após a
metade do segundo século entre o monoteísmo cristão. Eles ensinavam que Jesus recebeu a
dynamis, "poder", em grego, por causa do batismo de Jesus no rio Jordão,
e temos outros que afirmam que Jesus se tornou divino após a sua ressurreição.
Porém todas essas ideias negam a deidade absoluta de Jesus e contraria a crença
desde a época apostólica, que considera Jesus como "o verdadeiro Deus e a
vida eterna".
Monarquistas modalistas (Unicismo)
São assim conhecidos por acreditarem que
Deus se manifestou em três modos diferentes, uma hora
como Pai na criação, como Filho no seu nascimento na ascensão de
Jesus aos céus, e assim com o Espírito Santo. Para eles, Pai, Filho e Espírito
Santo não são três pessoas, mas três faces.
Tertuliano (155-224), advogado romano
intelectual estoica, ao se converter ao cristianismo veio tornar-se conhecido
como o "Pai do cristianismo latino". Ele refutou os monarquistas
modalistas, pois este grupo não fazia a distinção das pessoas da divindade,
seus principais representantes foram Noeto, Práxeas e Sabélio.
O modalismo é popularmente como unicismo que
nega a trindade. O principal propagador dessa doutrina
foi o Bispo Sabélio, por causa disso este ensino é conhecido por Sabelianismo.
Arianismo
O arianismo veio de Ario (256-336),
fundado em Alexandria, no Egito, no ano de 318. A sua doutrina contrariava a
crença ortodoxa desde o período apostólico.[4] O grande problema de Ario era
que ele ensinava que Cristo não era da mesma substancia do Pai, sendo criatura, mas Jesus é o criador e nEle todas as coisas foram criadas (Cl
1.16; Jo 1.3). O verbo (Jo 1.1; Is 9.6), é eterno porque Ele sempre existiu.
Definição de Tertuliano
A formulação da palavra trindade veio de
Tertuliano com a seguinte declaração, “Todos são um, por unidade de substância,
embora ainda esteja oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade
numa Trindade, colocando em sua ordem os três”. Pai, Filho e Espírito Santo;
três, contudo, não em essência, mas em grau; não em substância, mas em forma;
não em poder, mas em aparência; pois eles são de uma só substância e de uma só
essência e de um poder só, já que é de um só Deus que esses graus e formas e
aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo (Contra
Práxeas, II). Um só Deus, portanto, a essência, a substância e o poder são um
só; mas a diferença está no grau, na forma e na aparência que chamamos de “pessoas” (Mt 28.19). [5]
Formulação definitiva da Trindade
Só veio a ocorrer em Constantinopla em
381, baseados em Atanásio que combateu os arianistas. Com base nas obras dos pais
capadócios, Basílio de cesárea, Gregório de Nissa e Gregório de Nazianzo. O
credo Niceno-Constantinopolitano reafirma o credo de Niceia e define a
divindade do Espírito Santo, assim ratificando a doutrina da trindade.
Este estudo foi extraído da revista Lições Bíblicas, 3º Trimestre de 2017. A Razão da nossa fé, Assim cremos assim vivemos, pág. 17-23 publicada pela CPAD.
Este estudo foi extraído da revista Lições Bíblicas, 3º Trimestre de 2017. A Razão da nossa fé, Assim cremos assim vivemos, pág. 17-23 publicada pela CPAD.
Bibliografia:
[1] Lopes, Hernandes Dias, 2 Coríntios: o
triunfo de um homem de Deus diante das dificuldades / Hernandes Dias Lopes. —
São Paulo: Hagnos, 2008. Pág. 292-293.
[2] Bíblia Apologética com os apócrifos,
1ª edição, 2014, Pág. 1076.
[3] ANDRADE. Claudionor Corrêa de.
Dicionário Teológico. 8 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 279).
[4] Ibid.
p. 52).
[5] SOARES,
Esequias, A razão da nossa Fé: assim cremos, assim vivemos / Esequias soares. -
Rio de Janeiro: CPAD, 2017.
Nenhum comentário