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Por Flávio G. Souza

Quantas vezes você já ouviu a expressão tudo o que ligarmos na terra será ligado no céu? Muitos se utilizam dela para afirmar que tudo o que nós permitimos ou proibimos na terra é ligado ou desligado no céu.

Mas como todo texto tem um contexto, não podemos pegar essa referência para favorecer nosso ponto de vista, só para dizer que está na Bíblia, Deus vela pela sua Palavra e não por nosso achismo (Jr 1.12). Mas enfim, o que Cristo estava querendo dizer quando disse que tudo o que ligarmos na terra será ligado no céu? Vamos olhar o contexto e entender o que Jesus ensinou.

1. A DISCIPLINA E RESTAURAÇÃO ENTRE OS DISCÍPULOS (Mt 18.15)

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão”

Temos aqui um caso de ofensa pessoal. Se uma pessoa pecou contra você, o assunto não deve ser guardado no escrínio do seu coração, para deixar florescer ali a mágoa, nem deve ser levado para sua família ou seus amigos, expondo publicamente a situação. Essa forma de agir amplia e agrava o problema. Devemos abordar a pessoa que pecou contra nós de forma particular, numa conversa a sós com ela. O objetivo dessa conversa não é humilhar a pessoa nem mesmo nos defender, ganhando a discussão, mas ganhar nosso irmão. O apóstolo Paulo lança luz sobre esse delicado tema quando ensina: Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado (G1 6.1). [1]

Cristo fala da correção de nossos irmãos na fé, que deve ser feita da melhor forma, em particular sem expor a pessoa. A restauração de nossos irmãos começa no particular e só deve ser pública em último caso. Jesus começa falando em um contexto da igreja usar sua autoridade para admoestar e corrigir os que estão no erro, se a repreensão não surtir efeito na primeira tentativa, é necessário a presença de mais uma pessoa, para que acusações infundadas não fossem levadas à congregação (Cf. Jo 8.17; 2 Co 13.1; 1Tm 5.19; Hb 10.28).

2. DEUS INVESTIU A IGREJA DE AUTORIDADE PARA 
CORREÇÃO DOS CRENTES (v. 16)

“Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.”

É parte de nossa obrigação como igreja repreender nossos irmãos quando estiverem no erro, porque o pecado corrompe a comunhão entre as pessoas e os cristãos. Mas por causa do politicamente correto, muitos acham que amar é ficar calado apoiando o erro, mas que tragédia! Em nome do não julgueis, muitos estão se omitindo do seu papel como cristão, repreender alguém por estar no erro não é uma atitude de egoísmo, farisaica e muito menos vingativa, mas tem a finalidade de restaurar o desobediente a santidade e comunhão (Mt 18.10-15; Gl 6.1; Tg 5.19-20).

O governo e disciplina da igreja é uma ordenança bíblica, esse é um dos motivos que não da para ser igreja sozinho, como se enganam os desigrejados. Deus deu autoridade a igreja para disciplinar e até excluir da comunhão os desobedientes (Mt 16.19; 18.18; Jo 20.23; At 16.4; Hb 13.17). Porém muitos acham que a disciplina aplicada pela igreja é um extremo por parte dos líderes religiosos, mas entenda, não se trata de se intrometer na vida das pessoas, somos investidos desta autoridade justamente para que haja santidade entre os crentes.

O Apóstolo Paulo, ao descobrir que houve um caso de incesto na igreja de Corinto, mandou que enfrentassem o membro em pecado, e que fosse excomungado da comunhão. Havia um pecado específico na igreja de Corinto, mas os crentes recusaram enfrentá-lo. Neste caso, um homem tinha uma relação com sua madrasta e os membros da igreja procuravam se omitir. Paulo lhes disse que tinham a responsabilidade de manter as normas de moralidade achadas na Palavra de Deus. Deus nos diz que não julguemos a outros, mas também nos diz que não toleremos pecados flagrantes que se opõem a sua santidade e que têm uma influência perigosa nas vidas dos outros crentes (Cf. 1 Co 5.1-5).


O pecado não afeta só a pessoa que comete, pois em primeiro lugar, uma vez que existe comunhão entre os membros da Igreja, o fato é que todos eles seriam afetados pela apostasia da parte de um deles. Em segundo lugar, quando um ato danoso é cometido em alguma igreja, a culpa não se confina à pessoa que o cometeu, mas todo o grupo em alguma extensão é também contaminado. Por exemplo, Deus humilha um pai pelo infortúnio de sua esposa ou filhos; e toda uma família, pela desgraça de um de seus membros. Cada Igreja deve ponderar sobre este fato, ou, seja, que ela é marcada com o estigma da desgraça toda vez que algum infamante crime é cometido em seu seio.[2] (Cf. 2 Co 13.2, 10; 1 Tm 1.20; Tt 3.10).

3. O GOVERNO DA IGREJA (v. 17)

“E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.”

Deus nos dá a obrigação de combater o pecado, aquele que se diz crente e não se arrepende quando repreendido, deve ser tratado como um gentio ou cobrador de impostos (Mt 18.17). Quando Jesus disse isso, estava ensinando que aqueles que não se arrependem devem ser tratados como um transgressor perverso da Lei, isso significa a exclusão da membresia,  vemos este ensino presente por todo o Novo Testamento (At 5.1-6; Rm 16.17; 1 Co 5.1-13; 2 Co 6.14-18; Gl 5.7-12; 2 Ts 3.14-15).

Quando houver um problema com algum membro da igreja e não haver arrependimento, é preciso excluir a pessoa da comunhão, somos investidos desta autoridade justamente para não haver escândalos em nosso meio. Claro que quando for necessário agir desta maneira, deve ser feito debaixo de oração para que Deus oriente a Sua igreja. A Bíblia diz que não podemos de nenhuma forma ter comunhão com essa gente que se diz crente mas vive em pecado, os de fora é Deus quem julga, agora a tarefa de julgar os que fazem parte da igreja de Cristo é nossa obrigação (Cf. 1 Co 5.11-12).

Os judeus por exemplo, julgavam os membros nas sinagogas por terem violados as leis de seu povo e em centros comunitários para grupos locais, e o Apóstolo Paulo esperava que a igreja de corinto seguisse o mesmo modelo, corrigindo o comportamento dos irmãos transgressores. Mas por causa da tolerância da igreja com o pecado, em nome do não julgueis muitos estão se aproveitando para disseminar heresias destruidoras entre os cristãos. O resultado disso é somente a confusão e conformismo com o pecado, por isso é de grande importância nos afastarmos e excluir essa gente do nosso meio (Cf. Mt 18.17; Rm 16.17; 1 Co 5.11; 2 Ts 3.6; 2 Tm 3.5; 2 Jo 10).

A igreja como autoridade, deve se afastar desta gente que além de viver no pecado, usa versículos isolados como pretexto para viver no erro. Temos nossas crenças e valores, portanto não podemos tolerar que as pessoas que vivem relativizando a Bíblia permaneçam em nosso meio como se fossem crentes, porque não são (Pv 4.15; Rm 16.17; 1 Tm 6.20; 2 Tm 2.16, 23; Tt 3.9).

4. O QUE SER LIGADO NA TERRA SERÁ LIGADO NO CÉU (v. 18)

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.”

Quando Jesus fala que tudo o que for ligado na terra será ligado no céu, estava se referindo a autoridade da igreja em excluir alguém que estivesse em pecado. O que a igreja concordar em unanimidade, seria ligado no céu, isso significa que o privilégio e a autoridade dada Pedro, também foi conferida a igreja (Mt 16.19). Assim Cristo nos deu as chaves do reino, nós como igreja devemos guardá-las. 

Guardar as chaves era uma das responsabilidades mais importantes que o servo doméstico poderia desempenhar (Cf. Mc 13.32-34). Como as chaves eram pesadas e podiam ser carregadas apenas por uma pessoa, também simbolizavam autoridade; um oficial de alta patente tinha a posse das chaves do reino (Is 22.20-22) e da casa de Deus, o templo. As chaves, aqui, talvez signifiquem a autoridade para admitir pessoas no reino (Mt 23.13) com base no conhecimento da verdade sobre Jesus (Mt 16.16). 

Para muitos judeus, a suprema corte judaica agia sob a autoridade do tribunal celestial de Deus, ratificando, em certo sentido, os decretos deste tribunal. “Ligar” e “desligar” talvez se referissem à detenção e à libertação de prisioneiros; os termos, portanto, podiam funcionar em sentido figurado em um ambiente judicial. Também era comum o emprego desses verbos entre rabinos, que os usavam para designar a autoridade legislativa de sua interpretação das Escrituras (“Proibir” e “Permitir”). [3]

Jesus também usou a chave, como uma figura do acesso a um conhecimento privilegiado que confere a autoridade (Cp. Mt 13.16-17; 23.13; Is 22.22; Ap 3.7). Ligar e desligar, foi dada autoridade para Pedro e mais tarde aos outros discípulos para ensinar a vontade de Deus conforme revelada em Jesus Cristo (Mt 13.52; 18.15-20; 23.2-12; 28.16-20). A igreja de Cristo, quando está alicerçada na Palavra, está apta para executar esse julgamento sobre os que persistirem no caminho da desobediência. Porque quando somos guiados pela verdade, o pecado não permanece em nosso meio, cumprindo o que as Sagradas Escrituras ordenam, julgando e condenando as ATITUDES erradas de nossos irmãos (Jo 7.24; Ef 5.11).

O que for ligado na terra será ligado no céu, se refere a correção dos que estão em pecado e se recusam a arrepender. Se o irmão for chamado a atenção em particular, com testemunhas e mesmo que o caso seja apresentado a igreja não venha surtir efeito, podemos como cristãos excluir essa pessoa da comunhão, Deus julga os que estão lá fora, agora os que são de casa é de nossa tarefa corrigir e não ficar na desgraça do politicamente correto do não julgueis

Graça e paz.
Deus abençoe.

Referência Bibliográfica:
[1] LOPES, Hernandes Dias. Mateus: Jesus, O Rei dos reis! 1ª Ed - São Paulo: Hagnos, 2019, Pág. 557-558.
[2] CALVINO, João, 1 Coríntios, Tradução de Valter Graciano Martins. 2ª Ed. - São Bernardo do Campo, SP: Edições Parakletos, 2003.  Pág. 157.
[3] KENNER, Craig S. Comentário Histórico-cultural da Bíblia, Novo Testamento - São Paulo: Vida Nova, 2017, Pág. 94.

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