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Por Flávio G. Souza

É comum encontrarmos em algumas igrejas, o que muitos chamam de ministério de dança ou departamento de dança. Mas a pergunta que fica para refletirmos, será que é correto usar a dança como elemento de adoração no culto ao Senhor? Eu particularmente não vejo na Palavra de Deus uma ordenança que fundamente o ministério de dança, pois já fui em congressos onde esse grupo mas atrapalhava que contribuía.

Os textos que são usados na tentativa de fundamentar a dança no culto, é o Salmos 149.3 e 150.4, e neste estudo irei detalhar com clareza que o salmista não fundamenta o uso a dança como elemento litúrgico no culto para adorar a Deus.

Não existe no Novo Testamento uma ordenança sobre a dança sendo utilizada como elemento litúrgico. Neste detalhe já é possível criar grandes dúvidas acerca desta prática, pois como vamos aplicar coisas do Antigo Testamento a nossa vida se não olharmos o cumprimento no Novo? Tudo o que está no Antigo Testamento também se encontra presente no Novo, e assim vice versa. E estranhamente não vemos no Novo Testamento ninguém dançando quando se trata de cultuar e louvar ao Senhor.

O culto ao Senhor conforme está revelado no Novo Testamento, deve ser em espírito e em verdade, sem a dança, não temos um versículo que ordene ela como elemento litúrgico. Assim como disse Jesus a mulher samaritana (Jo 4.23-24), e o Apóstolo Paulo quando falou do culto racional (Rm 12.1).

O pastor Ciro Sanches Zibordi também faz um comentário sobre a adoração, comenta ele: "..Você já notou como os jovens costumam empregar o verbo adorar para quase tudo de que gostam, menos em relação a Deus? "Adoro cantar", "Adoro dançar", "Adoro ouvir música", "Adoro chocolate, etc. Mas, quando vão falar do Senhor Jesus, o único de fato digno de adoração, dizem: Estou apaixonado. Isso ocorre principalmente por influência de cantores-ídolos que adoram empregar frases de efeito, como: Essa é uma geração de apaixonados ou Deus não rejeita um coração apaixonado. 

Paixão, por definição, é irracional, passageira e não leva em conta princípios. A adoração, ao contrário, é racional (Rm 12.1), verdadeira (Jo 4.23,24) e envolve tudo o que há em nós: espírito, alma e corpo, principalmente o nosso espírito, que é a parte mais profunda de nosso ser (1 Ts 5.23; Lc 1.46,47; Sl 57.7). 

Alguém poderá perguntar: O que vale não é a intenção? Na verdade, não podemos, ainda que bem intencionados, aceitar todas e quaisquer influências do mundo. E o clichê em análise, conquanto para muitos seja apenas uma simples questão de semântica, tem levado os jovens à concepção distorcida da verdadeira adoração a Deus, acima de todas as coisas, o que é muito mais que estar apaixonado! Sei que alguém, ao ler esta abordagem, pode não estar muito apaixonado por este livro e seu autor. Mas espero, sinceramente, que reflita sobre a importância de adorar somente ao Senhor Jesus e segui-lo, abandonando a postura de fã (Lc 9.23). Não adianta nada alguém usar uma camiseta com os dizeres Apaixonado por Jesus ou viver cantando "..Apaixonado, apaixonado, apaixonado..", se não andar como Jesus andou (1 Jo 2.6)! Abandone, pois, essa canoa furada da geração dos apaixonados! Embarque no navio cujos passageiros são os verdadeiros adoradores, que seguem ao Senhor Jesus, que disse: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás... (Mt 4.10). [1]

Sobre a dança não estar presente no Novo Testamento o mesmo se posiciona contra essa prática:

Ao longo da História, a dança nunca esteve presente na liturgia das igrejas cristãs. No Brasil, também não víamos isso há alguns anos. Uma ou outra pessoa falava em "dança no Espírito", e outras cantavam, sem dançar, o famoso corinho "Se o Espírito de Deus se move em mim, eu danço como Davi".

Todavia, esse assunto sempre foi controvertido, e a liderança, de maneira geral, não aceitava a dança como parte integrante do culto a Deus. De uns tempos para cá, alguém descobriu a América! Muita gente pensa ter encontrado uma "verdade cristalina" na Bíblia: a dança faz parte do culto coletivo ao Senhor. "Deus nos libertou da escravidão, e temos de adorá-lo também com a nossa arte", dizem alguns defensores desse modismo. E por aí vai. Não há mais limites! Onde vamos parar? Nos Estados Unidos, já ocorre até luta livre em alguns "cultos". E o Brasil não está longe disso.

Algumas igrejas são mais moderadas e têm apenas uma coreografia simples. Outras... meu Deus! A cada dia, perde-se o temor. Ainda não vi, para ser sincero, porém não duvido de que já haja "cultos" em que jovens dancem rebolando até ao chão, como ocorrem em bailes funk. A bem da verdade, nas chamadas "baladas" gospel isso já acontece...

Há poucos anos, os jovens passavam a noite em vigília, orando, estudando a Palavra. Assim era no meu tempo, e eu não sou velho (tenho apenas 37 anos). Hoje, a juventude vai para a "balada". Tudo isso graças ao incentivo de líderes inescrupulosos, sem compromisso com a Palavra de Deus, movidos por outros interesses, como dinheiro e fama. É como se dissessem: "É melhor o jovem pecar aqui do que no mundo". Ignoram que, para seguir a Cristo, é preciso negar-se a si mesmo (Lc 9.23) e não se conformar com este mundo (Rm 12.1,2).[2]

Salmos 150 é fundamento para dançar no culto?

As pessoas que acreditam em ministério de dança, se refugiam em versículos do Antigo Testamento para tentar fundamentar a prática como um elemento litúrgico, citando Salmos 150.4 que diz:

Louvai-o com o tamborim e a dança, louvai-o com instrumentos de cordas e com órgãos


E Salmos 149.3:

Louvem o seu nome com danças; cantem-lhe o seu louvor com tamborim e harpa.

Utilizam esses textos na tentativa de afirmar que a dança pode ser usada como um elemento litúrgico, mas a pergunta que fica, será mesmo que isso têm fundamento bíblico? Se tomado de forma isolada, sem olhar o contexto, cultura, objetivo do autor, não compararmos as traduções disponíveis, podemos dizer que sim, mas se fizermos uma análise profunda do texto iremos descobrir que não é bem o que muitos afirmam.

Muitas versões traduzem a palavra hebraica מחול (machowl) presente em Salmos 150.4 por dança, a Almeida Revista e Corrigida (ARC) traduz por flauta, no mesmo texto. Isso acontece por causa da presença de uma variante textual. Vendo esse detalhe fica claro que o salmista está enumerando uma lista de instrumentos, e não especificamente uma ordenança para ter grupos de dança na igreja na adoração ao Senhor. Ocorre também em Salmos 149.3, na Almeida Revista Atualizada (ARA) a mesma palavra hebraica מחול (machowl) é traduzida por flauta, se referindo a um instrumento e não a dança no santuário.

Alguns irão fazer o seguinte questionamento, "mas Miriã dançou", sim, mas não foi no culto, a dança existia no Antigo Testamento, e era diferente da forma que se entende hoje. A dança no Antigo Testamento, diferente do que muita gente pensa, não era usada como elemento litúrgico, era utilizada como forma de celebração, se trata de uma questão cultural (Cf. Ex 32.19; Jz 11.34; 21.21; 1 Sm 30.16; Jó 21.11; Ec 3.4; Jr 31.4; Mc 6.22;  Ex 15.20; 2 Sm 6.14). Podemos até dizer que existia dança no santuário no Antigo Testamento, mas isso ocorria nos cultos pagãos (1 Rs 18.26).

O pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, Augustus Nicodemus também faz uma colocação sobre o texto, diz ele: "De qualquer forma, vê-se que a palavra pode ter sentido diferente de dançar. Várias traduções de Salmos 150:4 traduziram machowl por “flauta”, como a Almeida Corrigida, a Bíblia de Genebra 1599, a Reina-Valera 1909, entre outras. Douay-Rheims traduziu Salmo 150 — por “coral”. Calvino, em seu comentário de Salmos, preferiu traduzir por “flauta”.

Temos de admitir que a maioria das traduções preferiu “danças”. Em minha opinião, é perfeitamente possível. Todavia, se o salmista estiver se referindo a um instrumento musical, como “flauta”, se encaixaria perfeitamente no contexto, pois os versículos 3-5 estão mencionando instrumentos musicais usados em Israel, como trombeta, saltério, harpa, adufes, instrumentos de cordas, flautas, címbalos sonoros e címbalos retumbantes. Esses versículos não estão dando uma descrição do que se fazia no culto a Deus executado no templo, mas apenas enumerando os instrumentos musicais de toda espécie, todos eles convocados para o louvor de Deus.

Se levarmos em consideração as variáveis acima, o salmo 150 pode ser simplesmente um chamado universal a anjos, homens e animais para que louvem a Deus, e que os homens o façam com toda sorte de instrumentos musicais. Não está se falando do culto no templo terreno nem de danças." [3]

Muitos usam versos isolados da Palavra de Deus na tentativa de apoiar o que ela não afirma, Ciro Sanches Zibordi faz um comentário interessante a respeito dessas práticas, diz ele: "Do jeito que a dança é propagada e defendida hoje, fica a impressão de que há várias passagens bíblicas que a apoiam. Porém, não existe sequer um versículo nos mandando ou nos autorizando a dançar na casa de Deus! No Novo Testamento não há nenhum incentivo à sua introdução no culto. Os dois únicos textos que poderiam ser usados como incentivo à dança estão nos Salmos 149 e 150, no Antigo Testamento. Mas não são passagens que falam propriamente da dança no culto da igreja do Senhor.

Alguns exegetas discutem se o termo original traduzido em algumas versões em português para "dança" nos textos acima, significa flauta ou harpa. Entretanto, mesmo aceitando se que os Salmos 149 e 150 aludem à dança entre os hebreus — o que não seria nenhuma novidade (Jz 11.34; Ec 3.4; Lm 5.15) —, eles nada têm que ver, diretamente, com o culto do Novo Testamento. Lembre-se de que a mensagem da Bíblia se dirige a três povos: judeus, gentios e igreja (1 Co 10.32). E nem sempre um mandamento pode ser considerado universal, isto é, para todos.

Se aplicarmos a nós o que dizem os tais Salmos, na íntegra, teremos de louvar a Deus com uma espada na mão e tomar vingança das nações, literalmente! Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus e espada de dois fios, nas suas mãos, para tomarem vingança das nações e darem repreensões aos povos, para prenderem os seus reis com cadeias e os seus nobres, com grilhões de ferro (Sl 149.6-8). Alguém dirá: Ora, irmão Ciro, não exagere. Tudo isso pode ser aplicado de maneira figurada. É mesmo? Então por que a dança deve ser aplicada de modo literal? Por que empunhar uma espada e tomar vingança das nações é figurado, e dançar não?! Por que não consideramos, então, que devemos dançar espiritualmente, e não com o corpo? Interessante como é fácil priorizar preferências pessoais, para depois encontrar na Bíblia versículos isolados em apoio a invencionices! [4]

Não temos autoridade de acrescentar grupos de dança como um elemento litúrgico, achando que estamos adorando a Deus, usando o famoso argumento, "mas o que vale é a intenção", porém com Deus não é assim, fazemos somente o que Ele ordena (Dt 4.2). Os modismos estão cada vez mais sendo aceitos nas igrejas, e a Bíblia é clara quando diz Deus abomina que nós inventemos o nosso modo de adorar (Dt 12.8). Portanto não existe uma base bíblica para o chamado "ministério de dança", e não podemos oferecer uma adoração que não esteja em conformidade com a Palavra de Deus, o que passar disso é invenção e fogo estranho. Se lembre do caso Nadabe e Abiú ao oferecerem fogo estranho ao Senhor.

Referências Bibliográficas:
[1] Ciro Sanchez Zibordi, Mais erros que os pregadores devem evitar, CPAD, 2007.
[2] Ibid.
[3] O Ateísmo Cristão e outras ameaças à Igreja / Augustus Nicodemus Lopes — São Paulo: Mundo Cristão, 2011. Pág. 195.
[4] Ciro Sanchez Zibordi, Mais erros que os pregadores devem evitar, CPAD.
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Por Flávio G. Souza

A verdadeira adoração vem sendo negligenciada pelos que deveriam conhecer a Bíblia, é uma triste realidade ver tamanha apostasia que a igreja se encontra. Este fato é apenas um reflexo da falta do ensino da Palavra nos cultos, isso vem levando muitos cristãos sinceros a terem um conceito equivocado sobre quem Deus é.

Adoração não é só cantar, vai além disso. No dicionário bíblico Wycliffe adoração tem o significado de: 'venerar', 'inclinar-se perante', 'beijar a mão', 'fazer reverência a'. Compreendendo o significado da palavra, já é um caminho para compreendermos algo que vem sendo distorcido por pessoas que dizem adorar a Deus, cantando mais músicas de autoajuda do que um cântico que tenha uma adoração genuinamente bíblica.

1. O que é adorar a Deus?

1.1. No Antigo Testamento temos os seguintes termos que são usados para adoração:
A. Abodah, vem de uma raiz hebraica que significa "servir" ou "trabalhar". É geralmente traduzida por "o serviço de Deus".
B. Hishtahawah, é de uma raiz hebraica que significa "curvar" ou "prostra-se" (Cf. Êx 4.31).

1.2. Os principais termos do Novo Testamento seguem os termos hebraicos:
A. Para abodahlatreia, que é o estado de um trabalhador contratado ou escravo.
B. Para hishtahawahproskuneo, que representa "prostrar-se", "venerar" ou "adorar".

1.3. Observe, há duas áreas que a adoração impacta:
A. Nossa atitude de respeito;
B. Nossas ações de estilo de vida.

Ambas devem andar juntas ou então grandes problemas serão provocados (Cf. Dt 11.13).

2. O propósito da adoração 

Visa estabelecer ou dar expressão a um relacionamento entre a criatura e a divindade. A adoração é praticada prestando-se reverência e homenagem religiosa a Deus (ou a um deus) em pensamento, sentimento ou ato, com ou a ajuda de símbolos e ritos. A adoração pura expressa a veneração sem fazer alguma petição, e pressupõe a auto-renúncia e a entrega sacrificial a Deus.

3. O que é adoração?

Estritamente falando adoração é a ocupação da alma com o próprio Deus, e não inclui a oração por necessidades e ação de graças pelas bençãos. A adoração é representada na Bíblia principalmente por duas palavras: no AT a palavra heb. shaha (mais de 100 vezes) significando “curvar-se diante”, “prostrar-se”, (Gn 22.5; 42.6: 48.12; Êx 24.1; Jz 7.15; 1 Sm 25.41; Jó 1.20; Sl 22.27; 86.9), e no NT a palavra gr. proskyneo (59 vezes), significando "prostrar-se”, “prestar homenagem a alguém” (Mt 2.2,8,11; 4,9; Mc 5.6; 15.19; Lc 4.7,8: Jo 4.20-22 etc.). Essas duas palavras são constantemente traduzidas pela palavra 'adoração׳’, denotando o valor daquele que recebe a honra ou devoção especial. Ambos os termos “adoração” e “digno” podem ser vistos juntos na grande descrição dos 24 anciãos prostrando-se diante daquele que se assenta no trono (Ap 4.10-11; cf. 5.8-14).[1]

4. Como devemos adorar?

Quando Jesus estava conversando com a mulher samaritana, descreveu bem como deve ser a adoração. Na Nova Aliança (Hb 8.13) que Cristo inaugurou, o local de adoração é definido pela pessoa. O que importa é que os verdadeiros adoradores adorem ao Pai, a quem Cristo veio revelar. A verdadeira adoração tem como definição nas Sagradas Escrituras, "..os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade". João 4.24.

O foco de nossa adoração é Deus, e Ele procura os que adoram em espírito e em verdade. Devemos adorar através de nosso espírito, expressando através da alma e refletindo na nossa maneira de agir. Nossa adoração deve ser verdadeira, conforme a realidade das Escrituras (Cf. Mt 14.33; 22.16; 26.73; 27.54; Mc 5.33; 12.32; Lc 16.11). Para descobrirmos se a adoração é verdadeira, precisamos nos espelhar em Jesus Cristo, que é nossa verdade absoluta (Jo 14.6), pois a forma que ele agiu e ensinou, são expressões do próprio Deus (Cf. Jo 5.19, 36; 8.19-28; 12,50), e mais tarde através do Espirito da verdade (Jo 4.23; 14.17; 15.26; 16.13).


5. O louvor exalta a Deus

A falta de conhecimento das Sagradas Escrituras por parte de alguns compositores, faz com que as letras de suas músicas que se intitulam "gospel", não possuam nada de conteúdo bíblico. Mas então porque alguns cristãos ainda aceitam esses "louvores" dentro das igrejas? A Bíblia por si só nos da a resposta:

"O meu povo é destruído porque não me conhece, e a culpa é de vocês, sacerdotes, porque se recusam a me conhecer. Por isso eu não os reconhecerei como sacerdotes; já que se esqueceram da lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos."

Oséias 4.6

A culpa de nossos compositores estarem fazendo músicas ruins é por parte da liderança em geral e porque alguns frequentadores de igreja se recusam a conhecer o que Deus ordena na Sua Palavra, criando para si o seu próprio deus. É da liderança porque não há um incentivo ao estudo da Bíblia, e quando os líderes procuram incentivar, alguns, se não a maioria recusam-se a querer conhecer mais a Palavra.

6. O que é louvor?

Louvor significa elogio, deve ser natural exaltarmos a Deus em nossos cânticos, mas os intitulados "louvores" são vazios de conteúdo bíblico. Os louvores modernos estão exaltando mais o ser humano e colocando Deus como um coitadinho, esqueceram que Ele é Soberano? Quando nosso cântico exalta a Deus, elogiamos Sua Glória, Majestade, Poder e Soberania. Desde o membro mais antigo até o mais novo, todos devem adorar a Deus em unidade e comunhão, não é à toa que a igreja é comparada a um corpo.

Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.


1 Coríntios 12.12

As músicas que exaltam o ego humano além de promoverem discórdia entre os irmãos, produzem o egoísmo, por isso não devemos aceitar que elas façam parte do nosso repertório musical.

A igreja é comparada a uma família, a um exército, a um templo, a uma noiva. Porém, a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é o corpo. Por que Paulo tem predileção por essa figura? Porque ela é uma das mais completas para descrever a igreja. O apóstolo Paulo destaca três grandes verdades, que vamos considerar. Em primeiro lugar, a unidade do corpo (12.12,13). O corpo é uno. Sua principal característica é a unidade. Todos os que creem em Cristo são um, fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós confessamos o mesmo Senhor (12.1-3), dependemos do mesmo Deus (12.4-6), ministramos no mesmo corpo (12.7-11), e experimentamos o mesmo batismo (12.12,13).[2]

Em segundo lugar, a diversidade do corpo (12.14-20). O corpo embora uno tem uma grande diversidade de membros (12.14). O que torna o corpo bonito e funcional é o fato de ele ter seus membros harmoniosamente distribuídos e todos trabalhando juntos para o bem comum. Os membros do corpo são belos quando distribuídos com proporcionalidade. Um nariz que se desenvolve além do normal deforma o rosto. O olho é um órgão lindo e nobre. Ele é o farol do corpo humano. Contudo, já
imaginou se você encontrasse um olho de 75 quilos na rua? Você sairia correndo, pois esse olho gigante mais se assemelharia a um monstro. Paulo pergunta: “Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? (12.17). A beleza do corpo está na sua diversidade e na sua proporcionalidade.[3]

Em terceiro lugar, a mutualidade do corpo (12.21-31). Quando Paulo fala da mutualidade do corpo, exorta a igreja sobre cinco questões importantes.

a) O perigo do complexo de inferioridade. Paulo escreve: “Se disser o pé: Porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser” (12.15,16). Quando alguém reclama de não ter este ou aquele dom espiritual, está questionando a sabedoria de Deus. Isso é culpar a Deus de falta de sabedoria. Isso é questionar a unidade do corpo. Nenhum membro da igreja deve se comparar, nem se contrastar com outro membro da igreja. Você é único. Você é singular no corpo. Deus colocou você no corpo como Lhe aprouve. Exerça a função que Deus lhe deu no corpo. Ficar ressentido por não ter este ou aquele dom espiritual é imaturidade. Devemos exercer nosso papel no corpo com alegria, zelo e fidelidade. Somos únicos e singulares para Deus.

b) O perigo do complexo de superioridade. O apóstolo Paulo afirma: Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os que nos parecem menos dignos no corpo, a estes damos muito maior honra; também os que em nós não são decorosos, revestimos de especial honra. Mas os nossos membros nobres não têm necessidade disso. Contudo, Deus coordenou o corpo, concedendo muito mais honra àquilo que menos tinha (12.21-24).[4]

A Igreja de Deus não tem espaço para disputa de prestígio. A igreja não é uma feira de vaidades. O apóstolo Paulo pergunta: “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?” (4.7). Não há espaço na igreja para a vangloria. Nenhum membro da igreja pode envaidecer-se pelos dons que recebeu.[5]

7. Adorando com o coração


Usar boas formas pode significar somente que somos formalistas, indo junto com a maré na adoração. Jesus citou Isaías quando disse, “Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim” (Mateus 15:18). De uma disposição similar, Paulo advertiu contra aqueles “que têm a forma de piedade, mas negam o seu poder” (2 Timóteo 3:5). A verdadeira adoração ocorre quando adoramos com o coração.
  • Preparando para a Adoração
Para nos encontrarmos com Deus precisamos vir à adoração preparados. Precisamos vir bem descansados, expectantes, ponderadamente prontos para nos encontrarmos com Deus. Precisamos estar cientes de que Deus estará presente nos elementos da adoração que Ele apontou. Ele estará presente para falar através da Sua Palavra e estará presente para ouvir nosso louvor e orações. Precisamos vir com claro entendimento das formas nas quais a adoração com o povo de Deus irá nos abençoar, e devemos vir procurando tal benção.

Chegamo-nos à adoração em fé. A fé é confiar em Cristo, descansar em Sua obra consumada para o perdão dos nossos pecados. Nossa fé deve ser real à medida que vamos à igreja, de forma que nossa confiança em Cristo possa aprofundar. Chegamos à adoração com arrependimento, reconhecendo que somos pecadores e buscando a graça de Deus, para que mais e mais nos voltemos do pecado e persigamos a santidade. Chegamo-nos à adoração com amor por Deus e pelo Seu povo. Tal amor nos faz desejar comunhão com o povo de Deus e desejar nos achegar mais a Deus.[6]

8. Avaliando a Adoração

Com tantas abordagens sobre como adorar e tantas variedades de igreja para igreja, o cristão deve se tornar um avaliador da adoração. A questão “Como devemos adorar?” está inevitavelmente ligada à questão “Onde devemos adorar?”. Uma vez que sabemos o que agrada a Deus na adoração, precisamos estar onde tal adoração ocorre. Para avaliar a adoração de uma maneira apropriada, você precisa começar consigo mesmo. 

Você precisa se autoavaliar.

Você precisa perguntar para si mesmo o seguinte:

• Quanto eu sei sobre o que a Bíblia diz sobre adoração?
• Quem pode me ajudar a aprender mais sobre a adoração
bíblica?
• Eu desejo acima de tudo me achegar a Deus em adoração?
• Eu desejo agradar a Deus, ao invés de me agradar, na adoração?
• Eu desejo entender minha responsabilidade de adorar a Deus
com Seu povo regularmente?
• Eu buscarei a vontade de Deus na adoração, enquanto evito um
espírito legalista e de julgamento para com os outros?
• Você também precisa fazer estas perguntas sobre a adoração,
com respeito a qualquer igreja que você planeje atender:
• Esta igreja ama e crê na Bíblia?
• A adoração desta igreja está cheia da Palavra de Deus?
• Quanto do tempo do culto é dado à leitura da Bíblia?
• Quanto do tempo do culto é dado à oração bíblica?
• Quanto do tempo do culto é dado ao cântico que é bíblico no
conteúdo e no caráter?
• Qual é o conteúdo da pregação?
• A pregação é uma parte substancial do culto?
• A Lei de Deus é claramente apresentada no culto?
• O Evangelho de Jesus Cristo é claramente expresso e central
no culto?
• Qual é o papel dos sacramentos no ministério da igreja?
• Há elementos no culto que são mais de entretenimento do que
bíblicos?[7]

Referencias Bibliográficas:
[1] Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD.
[2] Lopes, Hernandes Dias, 1 Coríntios: Como resolver conflitos na igreja / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2008. Pág.
[3] Ibid.
[4] Ibid.
[5] Ibid.
[6] Agradando a Deus em Nossa Adoração/ Robert Godfrey, Recife: Editora Os Puritanos/Clire, 2012 Pág. 37.
[7] Ibid. 39.
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Por Flávio G. Souza

Com o crescimento do evangelho, tornou-se comum algumas igrejas se utilizarem do pragmatismo moderno, para investir em métodos que não possuem base nas Sagradas Escrituras, com o objetivo de encher os templos.

Isso é muito comum nas igrejas que possuem programas de televisão, onde encontraremos diversos tipos de campanhas para atrair o povo. O que faz essas programações de culto serem sempre cheias, são pessoas que vão para a igreja, não por causa de Jesus, mas que lá "terão os seus 'problemas' resolvidos". Não é o amor a Palavra de Deus que motiva esse povo, e sim os bens materiais.

A Bíblia nos adverte, onde estiver nossa riqueza ali estará o nosso coração (Mt 6.21). Cristo morreu por nós na cruz do calvário, isso já é suficiente. A Graça do Senhor nos basta, não podemos nos apegar aos bens materiais, devemos acumular nosso tesouro no céu. Estar bem financeiramente ou falido, não é sinônimo de falta de espiritualidade, Deus é quem nos sustenta, as demais coisas são passageiras e um dia terão seu fim.

1. A CONFISSÃO POSITIVA E SEUS ENGANOS

A expressão "confissão positiva" pode ser interpretada de várias maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão se refere literalmente a "trazer à existência o que declaramos com nossa boca", uma vez que a fé é uma confissão. Os defensores desta crença, vem travestindo a fé com os ingredientes da psicologia, do bem viver e da autoajuda. Não são capazes de enxergar o mal que estão fazendo aos seus seguidores.

A confissão positiva peca, quando conceitua erradamente a fé, pois ela deve ser entendida como um estado da personalidade humana, que consiste em firme assentimento que uma pessoa faz à realidade de Deus, de sua Palavra como revelação e às suas promessas contidas nessa revelação. Firme assentimento quer dizer aceitação sem qualquer dúvida. Esse estado de permanente atitude de assentimento envolve o exercício da vontade, isto é, a pessoa que tem fé deliberou crer. A confissão positiva não é considerada uma doutrina bíblica, pois ela cria um conceito sobre fé com base nas emoções, isso promove a superstição, temeridade e fanatismo.


Ela coloca a emoção como a fonte da fé:

É do pai da teologia moderna, Schieiermacher, a conceituação de religião como o sentimento de dependência condicionado. Mas se a religião não é mais que sentimento, é inócua. É bem verdade que a fé como ato de toda pessoa contém em seu bojo fortes elementos emocionais. Mas a emoção não é a fonte da fé. Se isso for admitido, a fé se torna um elemento eminentemente subjetivo.

Idolatra a fé por gerar ansiedade pelo ter:

Enfatizando o ego humano e coloca todo peso da realização nas palavras que os seus adeptos pronunciam. Coloca todo peso da realização nas palavras pronunciadas e na atitude mental se for rigorosamente mantida: em vez de apoiar-se no fato de que a fé que temos vem de Deus [At 3.16; Hb 12.1,2]. Obriga Deus a fazer nossa vontade: Pois, se baseiam na ideia de que a fé tem um poder que podemos utilizar a fim de influenciá-lo. [1]


2. O QUE O FALSO EVANGELHO ANUNCIA

O falso evangelho é chamado de anátema (Gl 1.8), pois prega o contrário do que Jesus e seus apóstolos pregaram. Anunciando ensinos estranhos a Palavra de Deus, afirmando que se estamos na posição, Deus tem "a obrigação de nos dar o que queremos quando exigimos". Deus é soberano, nós que dependemos do favor dEle, não é um jejum ou um sacrifício que irá fazer Deus mudar de ideia, nenhum dos seus planos pode ser frustrado (Jó 42.2). No pragmatismo evangélico, Deus é colocado como servo, e os seres humanos depravados pelo pecado como soberanos. Só anunciam autoajuda, ao invés da Graça de Deus.


3. A INVERSÃO DE VALORES NA FÉ CRISTÃ

O pragmatismo é recheado de engano, pois creem na Confissão Positiva, Teologia da prosperidade e outros absurdos. Muitos pregadores adeptos dessas heresias, amam se utilizar do famoso jargão, "só não recebe quem não tem fé", "Não foi curado? A culpa sua, você que não teve fé!". Mas será que vemos isso na Palavra de Deus? Não existe na Bíblia um versículo que para ser curado, é preciso ter fé. O milagre era feito apesar da incredulidade, um caso clássico é os dez leprosos (Cf. Lc 17.12-17). Também não encontramos um versículo nos garantindo uma vida sem dificuldades, ao contrário, o sol nasce para todos, tanto para os justos como os injustos (Cf. Ec. 1.5). 

Somos servos, e como servos apenas obedecemos. Éramos dignos de condenação, mas Ele por misericórdia, enviou seu Filho ao mundo (Jo 3.16). Toda iniciativa veio de Deus, não determinamos nada. E ainda vemos muitos insistirem nesses jargões tolos e fúteis, doutrinando as pessoas que se determinada metodologia da certo, é porque Deus está "abençoando". Usar das ferramentas da psicologia para manipular o povo é fácil, difícil é usar a Bíblia para pregar a verdade que confronta e cura.


POSSO ORAR POR ALGUÉM OU POR ALGUMA SITUAÇÃO?

É pecado então, orar para Deus curar alguém ou mudar alguma situação? Não, o erro está no pragmatismo que se criou na cabeça das pessoas, por ocasião do engano da confissão positiva. Nós não mudamos o futuro, pois Deus já sabe de todas as coisas, tudo está revelado diante dEle (Hb 4.13). Wilian Lane Craig faz um comentário interessante sobre o assunto:


"Talvez uma ilustração possa ajudar a fazer a diferença clara. Lembro-me de ter visto um episódio de "Twilight Zone", sobre um menino que tinha uma relação profunda com um boxeador. O pugilista estava envolvido na luta de sua vida, e o jovem o estava assistindo na televisão. Para horror do menino, o boxeador perdeu a luta. O menino caiu de joelhos e começou a orar fervorosamente. De repente, a cena mudou. O menino estava agora assistindo o boxeador ganhar a luta. Por meio de sua oração o menino tinha conseguido mudar o passado, de modo que o que tinha acontecido não tinha mais acontecido. Vamos reescrever a história levemente. Suponha que o menino é incapaz de assistir a luta na televisão, porque ele foi atropelado por um carro e está em coma no momento da luta. Mas ao acordar no quarto do hospital, ele vê no relógio da parede que a luta provavelmente já terminou. Ele começa a orar fervorosamente para que seu amigo tenha vencido a luta. Agora, suponha que sua oração é atendida, de tal maneira que o boxeador ganhou a luta por causa das orações do menino. Neste caso, o menino não mudou o passado (uma vez que o lutador nunca perdeu); ao contrário, ele determinou o passado. O efeito (vencendo a luta) simplesmente precede a causa (as orações do menino). Assim, causar o passado ou o futuro não envolve mudar o passado ou futuro. [2]

Vamos começar com o conceito de mudar o passado ou o futuro. Mudar o passado é logicamente impossível. É simplesmente auto contraditório sustentar que um evento que tenha ocorrido, não ocorreu. Para retornar ao nosso exemplo da "Twilight Zone", Deus poderia, em resposta às orações do menino, fazer com que todos se esqueçam de que o lutador havia perdido a luta, reconstituir a cena, e reproduzi-la novamente, certificando-se que na segunda vez o lutador ganha. Mas nem mesmo Deus poderia fazer com que o lutador nunca perdesse em primeiro lugar. Por que seria auto contraditório fazer com que uma luta que ocorreu, não tivesse ocorrido. A inalterabilidade do passado é simplesmente uma questão de lógica. Mas e a mudança do futuro? É exatamente no mesmo sentido, logicamente impossível mudar tanto o futuro quanto o passado. Mudar o futuro seria fazer com que algum evento que irá ocorrer, não ocorra, o que é auto contraditório. Como o filósofo britânico A. J. Ayer explica, o passado é fechado no sentido de que o que passou, passou: se um evento tiver ocorrido não há nenhuma maneira fazer com que não tenha ocorrido; o que é feito não pode ser desfeito. Mas é igualmente verdade, e de fato [por definição], que o que será, será; se um evento ocorrerá não há nenhuma maneira de fazer com que ele não ocorra; ... Porque se for impedido não seria algo que será feito. Assim, eventos futuros são inalteráveis. Mas isso não é fatalismo? De modo nenhum; necessariamente, o que passou, passou e o que será, será. Mas o fatalismo sustenta que o que passou, passou necessariamente, e que o que será, será necessariamente. A inalterabilidade do futuro não implica fatalismo, pois é apenas uma questão de definição: o futuro é o que será. De acordo com Ayer: "se [o fatalista] apenas fundamenta por dizer que um evento está fadado a ocorrer é apenas o que irá ocorrer, ou mesmo que alguém sabe que ocorrerá, não há nada mais a seu destino do que a trivialidade que o que acontece a qualquer momento acontece naquele momento, ou que, se uma afirmação é verdadeira, é verdade"[3]

Deus tem propósitos que não podem ser alterados, é um equívoco pensarmos que podemos mudar o futuro, para Deus tudo já está revelado. A confissão positiva e a teologia da prosperidade, são apenas artifícios usados por falsos pastores para enganar as pessoas. Como pode Deus sendo soberano, ficar sujeito as nossas exigências? O que vale no pragmatismo é o que da certo, mesmo que contrarie os padrões estabelecidos na Palavra de Deus. Não caia nessa onda massiva de apostasia, mantenha sua vida alimentada pela Palavra de Deus.

Graça e paz.
Pense nisso.

Bibliografia:
[1] Lima, Paulo Cesar, O Que está por trás do G12, CPAD, 1ª Edição/2000, Pág. 57-59. 
[1] Craig, William Lane, O Único Deus Sábio: A Compatibilidade entre a Presciência Divina e a Liberdade Humana. Tradução de Walson Sales. Maceió: Editora Sal Cultural, 2016. Pág. 74
[2] Ibid, Pág. 75-76.
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