O engano promovido por falsos profetas (gr.: pseudo prophetes) não é um fenômeno novo. Moisés tratou do assunto ao falar com os filhos de Israel: “Como conheceremos a palavra que o Senhor não falou?” A resposta recebida foi: “Quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim, esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou o tal profeta; não tenhas temor dele” (Dt 18.21-22). Um verdadeiro profeta deve:
1. falar em nome do Senhor e não em nome de algum outro Deus;
2. transmitir mensagens em harmonia com a verdade revelada por Deus nas Escrituras;
3. Prever eventos futuros que ocorram tal e qual foi profetizado.
SUAS CARACTERÍSTICAS
A Bíblia descreve os falsos profetas das seguintes formas:
1. Enganam a si mesmos. Falsos mestres podem ser sinceros, mas, ainda assim, estar errados. Alguns enganam a si mesmos e convencem-se de que a mensagem é verdadeira. Como vemos em Jeremias 23.9-11, tais mensagens provêm de suas próprias mentes, não de Deus.
2. Mentirosos. Alguns falsos profetas são deliberadamente mentirosos e não têm intenção nenhuma de falar a verdade. O apóstolo João diz: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).
3. Hereges. Falsos profetas pregam heresias (doutrinas falsas) e promovem a divisão da Igreja. A seu respeito, João disse: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos” (1 Jo 2.19). O apóstolo Pedro disse: “Entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição [...] blasfemando do que não entendem” (2 Pe 2.1, 12).
4. Escarnecedores. Alguns mestres não chegam a promover falsas doutrinas, mas apenas negam a verdade de Deus. Sobre estes, a Bíblia adverte: “Nos últimos dias virão escamecedores, andando segundo as suas próprias concupiscências” (2 Pe 3.3). O apóstolo Paulo chama-os de “amantes de si mesmos [...] presunçosos, soberbos” (2 Tm 3.2). Judas chama-os de “murmuradores, queixosos” (Jd 16).
5. Blasfemos. Aqueles que falam mal de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do povo de Deus, do Reino de Deus e dos atributos de Deus são chamados de blasfemos. Judas qualifica-os como homens ímpios que “dizem mal do que não sabem [...] ondas impetuosas do mar [...] estrelas errantes” (Jd 10, 13). O apóstolo Paulo comenta que ele mesmo era um blasfemo antes de sua conversão a Cristo (1 Tm 1.13).
6. Sedutores. Jesus alertou-nos de que alguns falsos profetas fariam sinais de milagres e maravilhas, a fim de seduzir e enganar até mesmo os eleitos, “se possível” (Mc 13.22). Nosso Senhor quer dizer que a sedução espiritual é uma ameaça real até mesmo para os crentes, o que explicaria o fato de uns poucos crentes verdadeiros, mas enganados, serem encontrados em seitas heréticas.
7. Reprováveis. Este termo significa “reprovados”, “corrompidos” ou “rejeitados”. Paulo o utiliza com respeito àqueles que, voltando-se para as trevas espirituais, rejeitaram a verdade de Deus. Em conseqüência, Deus “os entregou a uma disposição mental reprovável” (Rm 1.28-30). Eles de tal forma rejeitaram a Deus que se tomaram “cheios de toda injustiça”. São “aborrecedores de Deus”, pessoas tão corrompidas espiritualmente que, apesar de terem consciência de sua situação, não se importam. Na mensagem profética do próprio Jesus, proferida sobre o monte das Oliveiras, somos alertados: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane [...] muitos serão escandalizados [...] E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos [...] porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios” (Mt 24.4,10-11,24). Nosso Senhor alertou seus discípulos sobre os perigos da sedução espiritual nas mãos de falsos profetas.
O ENGANO QUE PROMOVEM
A Bíblia descreve Satanás como o “pai da mentira” (Jo 8.44) e retrata-o como o supremo enganador. Seu nome significa “acusador”, e ele é descrito como o acusador do povo de Deus (Ap 12.10). Incita homens e mulheres a pecarem contra as leis de Deus (Gn 3.1-13); nega e rejeita a verdade de Deus, enganando aqueles que perecem sem Deus (2 Ts 2.9-10), e, por fim, é o inspirador dos falsos profetas e do espírito do Anticristo.
A Bíblia avisa claramente que, nos últimos dias, “apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1 Tm 4.1). Estas falsas doutrinas serão disseminadas por hipócritas mentirosos, cujas mentes foram capturadas pelas mentiras de Satanás. Assim, temos o processo do engano espiritual traçado com clareza nas Escrituras:
A palavra “anjo” (gr.: angelos) significa “mensageiro”. Os anjos de Deus são seus mensageiros (Hb 1.14; Ap 1.1 (2 Referências)) e os verdadeiros profetas e pregadores são chamados de anjos das igrejas (Ap 2.1,8,12,18; 3.1,7,14). Em contrapartida, Satanás é descrito como um anjo caído, líder de outros anjos caídos, o qual engana o mundo (Ap 12.9). Ele é revelado como o verdadeiro poder por trás do Anticristo e do Falso Profeta, enganando a humanidade com a falsa religião (Ap 13.14-15). Os mensageiros (anjos) do engano são, portanto, falsos profetas e mestres inspirados por Satanás. Suas mensagens carregam o mesmo espírito que habitará o Anticristo.
Quando uma pessoa aceita a premissa de um falso ensino, fecha sua mente para a verdade e lança fora todo raciocínio lógico. Vivemos em uma época em que as falsas doutrinas são cada vez mais prevalentes. Com o tempo, chegaremos ao contexto necessário para que o Falso Profeta promova seu engano final. As pessoas estarão tão cegas para a verdade que já não reconhecerão o engano pelo que ele é. Crerão e obedecerão ao que lhes for dito, chagando a ponto de adorarem o Anticristo.
— Ed Hindson
BIBLIOGRAFIA
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