INTRODUÇÃO
A depressão é uma doença psiquiátrica que gera tristeza profunda, perda de interesse, ausência de ânimo e transtornos de humor, geralmente ela é confundida com ansiedade e leva pessoas a terem pensamentos suicidas [1]. Já a ansiedade é uma emoção caracterizada por um estado desagradável de agitação interior, muitas vezes acompanhada de comportamento nervoso, como o de se embalar de trás para a frente. É o sentimento desagradável de terror por eventos antecipados, tal como a sensação de morte iminente.[2]
1. Conceituando o suicídio
A expressão suicídio vem do latim sui (“a si mesmo”) e caedere (“matar”, “cortar”), que significa “matar a si mesmo”, também conhecido como “morte autoinfligida”.[3] E essa prática vem crescendo de forma assustadora, com mais destaques entre os pastores por causa do esgotamento pastoral.
2. Conceituando a depressão
De acordo com o dicionário, a raiz da palavra depressão é "pressionar para baixo" e o verbo deprimir significa "(1) abaixar os espíritos, depreciar, desestimular, tornar triste ou sombrio;
(2) diminuir em força, vigor, atividade;
(3) diminuir em quantidade ou valor;
(4) colocar em posição mais baixa. “O substantivo depressão é muito mais pálido: "uma condição de desânimo e retraimento emocional geral” (Webster, 1984, p. 364).
Isso é exatamente o que acontece na condição humana. A depressão provoca sentimentos de abatimento, desânimo e diminuição da autoestima. A segunda definição do substantivo, “Tristeza maior e mais prolongada do que a garantida por uma razão objetiva”, não é precisa, de acordo com o ponto de vista da depressão do psiquiatra. Existe uma grande diferença entre tristeza e depressão, apesar de que a tristeza apareça em ambas – cansaço, isolamento, dor emocional recorrente e desejo de morrer.
3. O suicídio é a principal causa de mortes no mundo
Segundo uma estimativa da OMS, 883 mil pessoas cometem suicídio por ano, são mais mortos que vítimas de desastres naturais, homicídios e guerras, no total de 669 mil.[4] Muitos falam que depressão é frescura, falta de fé, e todo tipo de coisa, mas conforme o tempo passa este número só aumenta. E um dos principais motivos além de ser a negligência com a saúde mental, o uso abusivo dos smartphones vem contribuindo para o aumento dos casos, conforme diz um estudo feito em Seul.
Segundo um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Coreia, em Seul, na Coreia do Sul, mostrou que adolescentes viciados nessas tecnologias têm maior chance de sofrer com problemas como depressão, ansiedade, insônia e impulsividade. Além disso, exames de ressonância magnética revelaram que a dependência provoca alterações no equilíbrio químico do cérebro. [4]
4. Deus nos deu vida e somente Ele tem o poder de tirar
Assim como o aborto é um pecado, da mesma maneira o ato do suicídio também é, somente Deus tem o poder de dar e tirar a vida (Dt 32.39). As pessoas que cometem este ato pensando que vão encontrar alívio na morte estão profundamente enganadas. Muitos pensam que ao se suicidarem irão poupar o sofrimento, mas os danos provocados em familiares e amigos podem custar muito caro. Por exemplo, a algumas semanas soube de um caso de uma mulher que está com depressão e segundo a pessoa que está fazendo o acompanhamento, ela já teve vontade de cometer suicídio. Ao confessar isso, ela disse que só não concretizou o ato por ser mãe de uma filha de doze anos. Mas com objetivo de se “livrar” do sofrimento sem um peso na consciência, fez com que ela pensasse em matar a filha primeiro, veja a destruição que isso poderia causar se ela cometesse o ato.
Eu mesmo já vivi um episódio semelhante. Fui em uma reunião de oração de uma igreja que fazia parte e no final todos ficaram na calçada conversando, mas neste dia quase aconteceu uma tragédia. A mãe de uma jovem tinha ido buscar a filha afim de levá-la de volta para “casa”, mas ela escondia uma faca no seu corpo e queria matar a própria filha, ao notarmos o perigo além orar por ela, a aconselhamos e graças a Deus não aconteceu uma fatalidade.
5. O cristão está imune a depressão?
• Catastrofização: o indivíduo sempre espera pelo pior, acredita que sempre o pior de cada situação vai acontecer.
• Abstração Seletiva: Foco está somente no problema, o indivíduo não consegue perceber os outros aspectos da situação.
• Maximização e Minimização: Maximizar experiências negativas e minimizar positivas. “Se algo puder dar errado, vai dar.”
• Personalização: Assumir responsabilidade excessiva ou culpa por eventos negativos. Considera-se responsável por um acontecimento negativo, mesmo que seja algo que não estivesse em seu controle.
• Pensamento Absolutista: O indivíduo interpreta as situações como sendo tudo ou nada. (O famoso 8 ou 80 extremos e não flexíveis em pontos que podem ser)
• Leitura Mental: O indivíduo acredita que sabe exatamente o que o outro está pensando, mesmo sem evidências de que esteja certo.
• Adivinhação: A pessoa antecipa problemas que talvez nem cheguem a acontecer.
• Rotulação: A pessoa coloca rótulos rígidos em si ou nos outros, ou seja, estereótipos em lugar de analisar a situação. = “eu sou um fracasso”, “não consigo nada na vida”, “minha família é um lixo”, “sou uma pessoa péssima” – PERFECCIONISMO DOS IMPERFEITOS – demonstrar uma doença ou tristeza, ou depressão é sinal de fraqueza para a igreja (mito do super-herói) – heróis da fé não são super-heróis da fé – (Hb 11).
• Vitimização: O indivíduo considera-se injustiçado ou incompreendido. Atribui às outras características negativas, sendo incapaz de se responsabilizar pelos acontecimentos, sentimentos e comportamentos em sua vida.
• Baixa Tolerância à Frustração: O indivíduo supõe que, se uma situação parece difícil, é porque ela é, o que faz com que ele acabe por não tentar realizar a tarefa. (Característica de pensamento de pessoas que costumam procrastinar).
• Incapacidade de Refutar: Desconsidera qualquer evidência ou argumento que contradiga seus pensamentos negativos.
• Questionalização: Foca no que poderia ter sido e não foi. Culpa-se pelas escolhas do passado e questiona-se por escolhas futuras. (Qualquer escolha não vivida é uma escolha que não se questiona por não ter acontecido).
6. A depressão em homens cheios do Espírito Santo
6.1.A Depressão de Elias
Após Elias passar por toda experiencia com os profetas de Baal (1 Rs 18), uma ameaça de Jezabel fez com que ele tivesse medo da morte, como então compreender essa atitude de fugir para não morrer? Jezabel estava furiosa pela morte de seus profetas, porque lhe haviam dito tudo o que ela queria escutar, profetizando seu futuro de poder e glória. O trabalho deles era deificar ao rei e à rainha, e ajudar a perpetuar seu reino. Jezabel também estava zangada porque a gente que a apoiava tinha sido eliminada, e seu orgulho e autoridade tinham sido danificados. O dinheiro que tinha investido nestes profetas estava agora perdido. Elias, que causou a morte dos profetas, era um espinho cravado em Jezabel porque sempre estava predizendo escuridão e fatalidade devido a que não pôde controlar suas ações, fez um voto para matá-lo. Enquanto o profeta de Deus esteve aí, ela não pôde levar a cabo todo o mal que queria.[6]
Dentro da história da igreja também temos o príncipe dos pregadores Chales H. Spurgeon, que passou por este problema de saúde. Se grandes ícones do cristianismo, incluindo personagens da Bíblia e o último dos puritanos tiveram depressão, porque ficar na ignorância e desconhecer o tema?
7. Casos de suicídio na Bíblia
• Abimeleque (Juízes 9.54), que pediu para ser morto, para que uma mulher não o matasse, pois era vergonhoso ser executado por uma mulher ou uma criança (Cf. Jz 5.24-27).
• Saul (1 Sm 31.4), para não ser torturado e zombado pelos filisteus, pediu ao seu escudeiro que o matasse, mas ao ver que seu pedido não foi atendido se lançou sobre sua espada.
• Zinri (1 Rs 16.18-19), ao perceber que estava cercado e que seria capturado cometeu suicídio, ateando fogo no edifício morrendo no meio das chamas.
• Judas (Mt 27.3-5), sentindo remorso pelo que havia feito com um inocente, teve como resultado uma mente atormentada pela culpa, levando-o a se enforcar.
7.1. Sansão cometeu suicídio? (Jz 16.30)
O Caso de Sansão é um dos mais usados quando se fala de suicídio, e separei propositalmente este fato para poder esclarecer com profundidade o assunto. Apesar de ter causado a sua própria morte, ele fez isso em guerra contra os filisteus. Sansão era o juiz de Israel, foi separado por causa de seu voto nazireu (Jz 13.5), mas ao se envolver com Dalila, revelou o segredo de sua força, tornando-se motivo de chacota depois de ter sido capturado (Jz 16.25). Quando se viu naquela situação de desespero, orou a Deus para que lhe restaura-se a força novamente, e foi atendido. Apesar de morrer junto com os filisteus, ele não pode ser considerado um suicida. Assim foi feito para que o propósito de Deus em libertar Israel fosse cumprido, eliminando assim o pensamento que ele tenha se suicidado. Assim Sansão no final de sua vida, matou mais filisteus quando morreu do que em toda sua vida.
8. Como orientar corretamente uma pessoa com depressão?
Não nos cabe colocar um peso a mais em pessoas que sofrem de depressão, pois ela é causada por desequilíbrio químico no cérebro, já comprovado pela medicina. Nossa obrigação como cristãos é acompanhar e orientar elas a consultar um profissional especializado, mostrando que nosso objetivo é sempre ajudar e não discriminar.
9. Todo suicida vai para o inferno?
Essa pergunta é muito debatida entre os teólogos, mas independente de opinião o que a Bíblia diz sobre o assunto? A Bíblia é clara em dizer que o assassinato é errado, sendo uma quebra dos dez mandamentos “Não Matarás” (Êx 20.13), como penalidade a morte (21.12,13). Tirar a própria vida é, portanto, uma rejeição tanto da soberania de Deus sobre a vida quanto um ataque contra a santidade da vida. Sendo assim o suicídio não deve ser usado como solução, creia somente e verbalize o que você acredita (Sl 116.10). Se fortifique em Jesus Cristo que ele vai dar o escape (At 16.27,28).
9.1. Não deixe que o desespero lhe cegue (At 16.27, 28)
O carcereiro de Filipos sabia que ia ser punido com a morte pela fuga dos presos – o desespero foi o estopim para que ele pensasse em se suicidar – Paulo grita para que ele não fizesse aquilo (eles estavam em lugares diferentes) – Paulo cárcere inferior - carcereiro acima dele – como Paulo sabia que ele ia se matar?
• Costume romano - suicídio entre os soldados romanos – zeitgeist = espírito da época (influência grega = 32 peças teatrais de tragédia tem-se 13 onde o suicídio aparece) desonra grande – desesperança e leis militares de Rufus aceitável até o período imperial (presença do cristianismo)
• Ouviu o barulho do ato de “tirar a espada“.
• Discernimento da situação
Quando uma pessoa chega ao ponto de tirar a sua vida, isto é, um ato de desespero ao optar pela morte como a solução de seus problemas, isso pode afetar cristãos salvos e remidos pelo sangue de Jesus, sendo um ato ignorância afirmar que somente pessoas sem Deus se suicidam. Mas a pergunta que fica é, podemos determinar se um cristão salvo que se suicidou vai para o céu ou inferno? Muitos infelizmente se sentam no trono e batem o martelo afirmando que todo suicida vai para o inferno, mas nós não temos esse poder. Mesmo o suicídio sendo um pecado, ele pode sim ser perdoado por Deus, pois o sacrifício de Cristo abrange o nosso passado, presente e futuro (Cf. Rm 8.38, 39).
Na Bíblia só tem um pecado sem perdão, a blasfêmia contra o Espírito Santo, portanto Deus pode sim perdoar um suicida. Não podemos ser extremistas de falar que todo cristão que se suicida “perde a salvação”, pois a depressão ocasiona um desequilíbrio químico no cérebro deixando a pessoa fora si, perdendo o senso comum/consciência. Por isso esta questão se vai para o céu ou inferno, está nas mãos de nosso Senhor.
Referência bibliográfica:
[1] https://www.minhavida.com.br/saude/temas/depressao
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Ansiedade
[3] BAPTISTA, Douglas, Valores Cristãos, Pág. 90, CPAD, 1ª Edição, 2018.
[4] https://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/estudo-mostra-que-uso-de-celular-em-excesso-aumenta-depressao-ansiedade-22135171.html
[5] Comentário Bíblico Beacon, Josué a Ester, Chester O. Mulder, R. Clyde Ridall, W. T. Purkiser, Harvey E. Finley, Robert L. Sawyer, C. E. Demaray, CPAD, 4ª Impressão/2012 Tiragem: 2.000, Pág. 333.
[6] Bíblia diário Viver, https://www.bibliatodo.com/pt/comentarios-da-biblia/?v=ACF&co=diario-viver&l=1%20reis&cap=19
[7] Bíblia de Estudo Plenitude, SBB.
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