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Por Flávio G. Souza

As vezes encontro pessoas com dúvidas sobre o texto de 1 Pedro 3.19, e uma grande parcela por desconhecerem as regras da hermenêutica bíblica, dizem coisas que o texto não afirma. E para que seja possível extrair o verdadeiro significado do texto, sem que a Bíblia entre em contradição, temos que nos atentarmos para as regras da hermenêutica bíblica, pois estamos tratando de um texto de difícil interpretação.

Alguns frequentemente, o interpretam como se Cristo tivesse realizado algum tipo de trabalho missionário no lugar que se encontravam os mortos, dando-lhes assim oportunidade de salvação. Eu por exemplo já vi gente tentando fazer um link de Efésios 4.8 com 1 Pedro 3.19, na tentativa de fundamentar essa interpretação, mas um estudo aprofundado em ambos os textos, derruba toda possibilidade de um trabalho missionário aos mortos.

Esta interpretação não é válida, porque ela contraria a Bíblia, após a morte vem o juízo, assim o homem tem apenas uma chance de salvação (Hb 9.27), portanto fica selado nosso destino eterno (Lc 16.19-31). Na tentativa de contra-argumentar sobre o texto de Lucas 16.19-31 algumas pessoas associam as parábolas de Jesus a fábulas, mas essa é uma afirmação equivocada porque as parábolas são figuras alegóricas para explicar uma realidade moral, já a fábula trata de ilusão. Fábulas estão correlacionadas a algo falso, uma mentira, usar este tipo de argumento é chamar Jesus de mentiroso. Se afirmamos que parábolas tem alguma relação com fábulas, estaremos contrariando as Sagradas Escrituras, pois nosso Senhor Jesus Cristo nunca falou por fábulas (1 Pe 3.18).

CONTEXTUALIZANDO

Para que possamos entender o texto, necessitamos ter como princípio hermenêutico descobrir qual o propósito dele ter pregado aos espíritos em prisão, e quem eram esses espíritos. O contexto está tratando da geração pré diluviana (Cf. 1 Pe 3.19-20; Gn 6.14; 7.1; 8.1, 16; Mt 24.38; Hb 11.7), e em resposta ao aumento da perversidade da humanidade Deus enviou o diluvio (Gn 6.5.7). Noé, porém, encontrou Graça diante do Senhor (v. 8), pois:
  • Ele Andou com Deus em um ambiente mau (Gn 6.8-12) 
  • Obedeceu quando lhe foi dado uma tarefa (v. 6.14, 22;7.5)
  • Foi lembrado por Deus e salvo da morte (8.1)
  • Pela fé trabalhou para sua salvação (Hb 11.7)
  • Advertiu seus vizinhos acerca do juízo vindouro (2 Pe 2.5)
  • Edificou o primeiro altar de que há registro (Gn 8.20)
  • Foi horando pelo Senhor com uma aliança eterna (9.12-17).
A civilização pré diluviana foi avisada através de Noé sobre o juízo de Deus (2 Pe 2.5), pois o Senhor deseja que todos cheguem ao conhecimento da verdade e se arrependam (1 Pe 3.20; 2 Pe 3.9), mas eles permaneceram na desobediência e preferiram continuar no caminho da perversidade, o resultado disso fez com que apenas oito almas fossem salvas (Cf. 1 Pe 3.20).

Vemos pela Palavra de Deus, que a interpretação sobre o trabalho missionário aos mortos, concedendo assim uma segunda chance aos que rejeitaram a mensagem sobre o juízo de Deus não se sustenta, pois eles foram avisados através de Noé. Aos que defendem esta interpretação a dilatam para incluir a teoria da provação depois da morte. Segundo essa corrente, o morto impenitente terá uma segunda chance. Porém, em nenhuma passagem da Escritura, há alguma indicação de que os que morrem sem arrepender-se terão uma segunda chance.

Segundo ponto a ser avaliado, para que possamos entender o texto com mais clareza, é necessário saber a natureza da mensagem anunciada por Cristo aos espíritos em prisão. O texto afirma que ele apenas proclamou, palavra grega (κηρυσσω) kerysso. É importante ressaltar que Pedro usa estas palavras como exemplo de castigo eterno e não de salvação, portanto a ideia de que a salvação está sendo oferecida no mundo dos mortos é fora de cogitação. Se o texto estivesse realmente se referindo a um trabalho missionário entre os mortos, Pedro teria usado a palavra grega evanggelizen e não kerysso para deixar claro que o tipo de pregação vitoriosa sobre o inimigo e toda malignidade do universo (Cf. 2 Pe 2.4-9; Cl 2.15).

Esta passagem não se refere a salvação de determinados indivíduos, mas a declaração da vitoria de Cristo sobre a morte e o inferno, logicamente o significado da expressão "pregou aos espíritos em prisão" é de que a mensagem pregada por Noé era verdadeira, pois temos a promessa da redenção descrita já Gênesis 3.15, referindo-se a vitória de Cristo na cruz.

Assim como todo o restante da Bíblia, o texto é explicado pela própria Bíblia, isto é, analisando de forma correta todo o contexto. Claro que com o devido método para se extrair do texto o seu real significado, este detalhe é de muita importância, pois assim não colocamos a Bíblia em contradição com outros textos.

Aos que ainda tem dúvida por causa do texto de Ef 4.8-10, recomendo a você ler o artigo 'O que significa Cristo ter levado cativo o cativeiro?', neste estudo tem uma explicação que vai ajuda-lo a conciliar 1 Pe 3.19 e Ef 4.8-10.

Graça e paz.
Deus abençoe.

Referência Bibliográfica:
[1] https://evangelhosegundoasescrituras.blogspot.com/2018/10/oquesignificalevarcativoocativeiro.html. O que significa Cristo ter levado cativo o cativeiro?. Flávio G. Souza, 

Bíblias Utilizadas:
Bíblia Thompson
Bíblia De Estudo Palavra Chave
Bíblia King James Atualizada (KJA)
Bíblia Apologética com os apócrifos 

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