Menu

ad text top

Devocional

Cute

My Place

Videos

» » » Se Deus é bom, porque existe o mal e o sofrimento?
«
Próximo
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga

Por Flávio G. Souza

Frequentemente nos questionamos o porque do mal e sofrimento existirem. E muitas pessoas por não conseguirem resolver os seus conflitos internos, acabam até desacreditando da existência de Deus. É normal termos nossos conflitos, todos passam por isso em algum momento da vida.

Para que nós venhamos conseguir resolver eles, é necessário conhecer a profundo o que diz a Palavra de Deus, pois é nela que Deus revelou a Sua vontade, e se não tivermos base no que diz a Bíblia, certamente passaremos a eternidade longe do Criador.

Frequentemente os céticos fazem o seguinte questionamento, "como um Deus Soberano e Todo Poderoso não pode impedir o mal?". Como responder a este questionamentos de forma satisfatória? Infelizmente muita gente, acha que crer em Deus é sinal de que não devemos estudar sobre essas questões, pois argumentam que isso só vai trazer confusão. Mas diz lá em 1 Pedro 3.15 que, necessitamos responder com mansidão e temor a TODOS os que pedirem a razão de nossa fé, por isso devemos sempre estar dispostos a defender-lá, precisamos estar preparados, sempre que possível adquirindo mais conhecimento sobre a Palavra de Deus.

Então como compreender um Deus que é perfeito, mas não impede o mal? Muitas pessoas que creem na existência de Deus, falam que Ele não pode ser perfeito com a existência do mal, mas para compreendermos este assunto, é necessário estudar-se a teodiceia, que é o campo da teologia que trata diretamente do tema. E neste artigo eu vou só dar uma pincelada sobre o assunto, se você desejar saber mais especificamente sobre o tema clique aqui.

Dentro do cristianismo surgiram várias explicações sobre o sofrimento e o mal, e dentre elas temos o determinismo, livre agencia e livre arbítrio, na tentativa de explicar esse tema complexo. A grande questão agora é, qual linha teológica que explica mais o assunto de forma coerente, sem dar muita enfase no ser humano, e sem atribuir a Deus a causa do mal e do pecado?

1. Determinismo

Corrente que afirma que Deus conhece todas as coisas porque tudo foi determinado por Ele desde a eternidade, também conhecido como presciência absoluta-causativa, este posicionamento é adotado por deterministas rígidos, mas há discordância. Pois, se tudo é determinado por Deus, então seguindo a lógica, o pecado e o mal também são. Tornando assim Deus autor do mal e do pecado, frequentemente usa-se o texto de Is 45.7 para tentar fundamentar, mas a passagem refere a caos, juízo, para mais detalhes clique aqui.

2. Livre agência 

O determinista moderado crê no compatibilismo, não crendo na liberdade arbitrária, mas no que chamamos de livre agência. Trocando os miúdos, ele crê que os atos dos seres humanos não são apenas compelidos ou causados por qualquer coisa externa (logo, há liberdade), mas por uma força interna (logo, essa liberdade não é tão livre assim). Mas precisamente, os atos são causados pelo estado psicológico do ser humano, o qual é formado por uma crença, por um desejo ou pela combinação dos dois, de maneira que o ser humano, em cada ato realizado, poderia ter agido de forma diferente, caso ele assim o quisesse (liberdade); só que ele nunca vai querer o contrário do que aponta seu estado psicológico, mas sempre agirá em concordância com esse seu estado psicológico (ou seja, não é tão livre assim); e Deus tem o controle sobre nossos pensamentos e desejos. [1]

Veja que tanto o determinismo rígido como o moderado, fazem Deus o autor do mal e do pecado, e a Palavra de Deus, é totalmente contrária a essas linhas de pensamento, pois:
  • Deus determina, mas não é tudo as coisas (Jr 32.25)
  • Deus é santo, e com Ele não habita o pecado (Sl 5.4)
  • Deus não pode se contradizer e negar a Si mesmo (2 Tm 2.13)
  • Deus não pode mentir (Tt 1.2)
  • Deus não pode pecar (Jó 34.10; Sl 5.4; 145.17; Is 6.3; Hc 1.13; 1 Jo 1.5; 3.5).
  • Deus não pode fazer nada que seja moralmente errado, pois Ele é perfeito em todos os seus caminhos (2 Sm 22.31; Sl 118.23; 145.17; Rm 12.2)
É sem lógica, Deus ordenar algo que Ele condena, por isso essa concepção não é bíblica. Em contraposição a essas correntes teológicas, temos a presciência absoluta não-causativa, que afirma que para Deus conhecer todas as coisas não é necessário Ele determinar tudo, até porque Ele habita no eterno presente e não está sujeito ao tempo.
3. Conciliando a liberdade humana com a soberania de Deus

Como então conciliar a liberdade humana com a soberania de Deus? Este tema vem sendo muito debatido entre os teólogos a séculos, mas para mim uma visão que não tira a responsabilidade do homem e nem fere a santidade de Deus é o determinismo parcial ou não absoluto. Pois, não tira a liberdade do ser humano, podendo assim tornar o homem totalmente responsável por suas atitudes, através do que chamamos de liberdade arbitrária. Se Deus habita no eterno presente (Sl 90.2; 102.27; Is 55.8-9; 57.5; 1 Tm 1.17), significa que Ele não está limitado ao tempo, preenchendo e transcendendo-O, assim Ele conhece presente, passado e futuro, ao mesmo tempo. Se para Deus conhecer todas as coisas fosse necessário determinar tudo para assim alcançar a presciência absoluta, Ele estaria sujeito ao tempo e ao espaço. Deus já habita plenamente no tempo e espaço, por isso Ele conhece tudo, sem precisar determinar todas as coisas, tem coisas que são determinadas, mas não podemos ir ao extremo.

4. Liberdade arbitrária

É a capacidade real de optar em fazer ou não determinada coisa, de ser a causa de influências internas, pois pode-se decidir, inclusive, contra um desejo forte. É a capacidade real de escolha contrária, é sermos capazes de fazermos o contrário. Se escolho fazer A, isso não pode significar que não poderia fazer B de forma alguma. Escolher A não pode ser uma necessidade inexorável, absolutamente inevitável. Se é liberdade de fato. Ela é o único tipo de liberdade que existe. Todos os outros tipo de "liberdade" não são liberdade de fato, pois só há verdadeira liberdade quando tenho a capacidade de fazer o contrário, ainda que não ilimitadamente.[2] 

Isso não significa que nós temos liberdade absoluta, tudo isso ocorre por causa da liberdade arbitrária, através da ação da Graça de Deus em nosso espirito (Ef 2.1-2). Só se torna possível porque a Graça de Deus nos alcançou, pois estávamos mortos e Ele decidiu nos dar vida, não porque achamos que somos "bonzinhos", mas porque o sangue de Jesus foi derramado. Tudo é pela Graça.

5. Se Deus é bom porque existem o mal e o sofrimento?

Todas as pessoas que creem na existência de Deus, fazem essa pergunta, pois se temos um Deus bom e amoroso, porque existe o mal e o sofrimento? Deus seria um monstro por determinar ou permitir tal fato? Se Deus é bom, o que vemos quando acontece algo ruim é resultado de Sua ausência. Semelhantemente, como sem a luz há escuridão, da mesma forma é o mal. Uma definição que em minha opinião resolve a questão é, Deus deu livre arbítrio a Adão, mas devido ao mal uso de sua liberdade, o resultado é o mal e o sofrimento, claro que após a queda esse arbítrio foi perdido, e somente a Graça pode nos fortalecer para vencer o pecado.

5.1 Sem liberdade não existe amor

Uma das coisas que faz com que os seres humanos (e os anjos) sejam moralmente perfeitos é a liberdade. Nós temos uma escolha real a respeito daquilo que fazemos. Deus nos fez assim para que pudéssemos ser como Ele e amar livremente (Amor forçado não é amor, não é mesmo?)[3]

6. Porque Deus não impediu o mal?

Deus sendo soberano, como Ele não conseguiu evitar que o mal acontecesse? Como entender um Deus que é soberano e como responder os céticos quando nos questionam como o Criador não impede o mal? Seria Ele um Ser incapaz? Não, isso são ideias concebidas a partir de nossa concepção, não podemos confiar nisso, até porque hoje pensamos de uma forma, daqui a cinco anos estaremos pensando de outra maneira.

Deus poderia ter criado um mundo que não houvesse a capacidade do homem desobedecer? Sim, mas a única maneira que isso poderia ocorrer seria retirar a liberdade, e Deus fez Adão dotado de livre arbítrio, não é  à toa que quando ele peca, o Senhor vem o repreender (Gn 3.11). Mas como Deus não é pego de surpresa, preparou a solução desde a fundação do mundo (Ap 13.8).

6.1. Porque Deus não destrói o mal?

O mal não pode ser destruído sem que a liberdade também seja, e é necessário sermos livres, pois o amor é impossível sem liberdade. Então, se a liberdade for destruída, que é a única maneira de acabar com o mal, esta destruição seria má em si mesma, porque privaria criaturas livres de seu maior bem. Por isso, destruir o mal seria, de fato algo mal. Se o mal tiver de ser dominado precisamos falar sobre sua derrota, e não sobre a sua destruição.[4]

6.2. Se Deus é santo e justo, o que Ele esta fazendo em relação ao mal?
  • Ele nos revelou o que é errado por meio da sua Lei (Êx 20)
  • Ele nos deu uma consciência para que saibamos o que é errado (Rm 2.12-15)
  • Ele nos da o poder de fazer o que é certo, através de Sua Graça (Rm 8.2-4)
  • Ele enviou o seu Filho para derrotar o mal em definitivo na cruz (Cl 2.14-16; Hb 2.14-15)
  • E enviará o seu Filho para derrotar o mal de forma definitiva quando retornar a terra (Ap 19-22)
6.3. Qual o propósito do mal e do sofrimento?

Em Romanos 8.28 diz que tudo coopera para o bem dos que amam a Deus, isso não quer dizer que viveremos uma vida sem sofrimento e nem que tudo vai dar certo, mas diz que apesar das situações difíceis, viveremos a glória que há de nos ser revelada (Cf. Rm 8.18). Se para tudo existe um propósito, como então entendermos essas situações? Primeiro, nossa ótica é falha, ao refletirmos sobre este tema, precisamos analisar que há uma diferença entre nosso conhecimento sobre o mal e o fato de Deus ter um propósito através do mal. Deus sendo soberano tem um bom motivo para permitir o mal sobre nossa vida, nós não conhecemos tudo, mas cremos no Deus que conhece a todas as coisas (Cf. Dt 29.29). A dor as vezes é necessária para que venhamos a crescer no conhecimento sobre Deus, na Sua Palavra temos diversos personagens que passaram por situações injustas, mas que trouxeram um bem maior (Ex: José, Jó, Sansão, Estevão).

Olhando todas essas tragédias que ocorrem no mundo, seja as guerras, desastres naturais ou irresponsabilidade dos governantes, é difícil entender o porque que certas coisas acontecem. Uma coisa é certa, a irresponsabilidade dos governantes, levando milhões de vidas a morte por causa de sua ganância será julgada por Deus, pois Ele é o justo juiz, e irá julgar de forma justa. Também devemos exigir justiça pelos meios legais, mas saiba que existe um Deus para fazer justiça aos seus (Lc 18.7). As Guerras, fomes e desastres naturais, são decorrentes da ganância humana, não é culpa de Deus. Se queremos que o quadro social mude, nós temos que ser a diferença, e não cruzar os braços e só ficar criticando.

7. Porque Jesus teve de morrer?

A um tempo, vendo comentários a respeito da morte de Jesus, vi que uns não tinham lógica. A morte de Cristo na cruz era necessária, se ele não viesse para morrer em nosso lugar, estaríamos todos perdidos, sem rumo e alvos da ira de Deus. Não podemos fazer da imagem de Cristo um objeto ou uma ideologia politica, olhe o resultado da sua morte na cruz. Por causa dEle a salvação está disponível para todos os que creem no Filho de Deus, aprendamos a olhar além do sofrimento e da dor. O próprio Jesus disse que veio para dar a sua vida em resgate de muitos (Mc 10.45), e também disse que "ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos" (Jo 15.13). Em Hebreus 12.2, o escritor descreve bem o propósito dele ter morrido, suportar a afronta para que assim os pecadores tivessem a chance de se reconciliarem com Deus, é o bem maior, ele está acima do sofrimento e a injustiça.

Conclusão

A grande questão em torno deste assunto, é que pessoas amarguradas, com ódio e rancor, acabam generalizando achando que Deus foi injusto e coisas do tipo, todos nós somos pecadores e eramos merecedores da ira de Deus. Tenhamos cuidado para não nos limitarmos a visão deste mundo, caso contrário seremos os mais miseráveis de todos os homens (Cf. 1 Co 15.19). 

Graça e paz.
Deus abençoe.

Referencias bibliográficas:
[1] Arminianismo: A mecânica da salvação, Silas Daniel, CPAD, 2017. Pág. 409.
[2] Ibid. Pág. 412.
[3] Resposta Aos céticos, saiba como responder questionamentos sobre a fé cristã, Norman L. Geisler e Ronald M. Brooks, Pág. 64, CPAD, 2016.
[4] Ibid. Pág. 66.

«
Próximo
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga

Nenhum comentário

Comentários