Menu

ad text top

Devocional

Cute

My Place

Videos

» » » O Sermão do Monte: A oração
«
Próximo
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga

Por Flávio G. Souza


A oração é uma ordenança bíblica para todos os que professam a fé em Jesus Cristo (Is 55.6; Mt 7.7; Fp 4.6), não fazemos isso por legalismo, e sim porque ela está intimamente ligada ao relacionamento pessoal com o Deus uno e trino.

Em Mateus 6.5, Jesus na continuação do sermão do monte, ensina a forma correta de como devemos orar. Os líderes religiosos de seu tempo gostavam de serem vistos como santos, e usavam a oração pública como um meio. Jesus não cita a quem ele está se referindo especificamente, mas olhando o texto de Mateus 23.1-3, dá a entender que são os escribas e fariseus.

Um detalhe que vale destacar, Jesus vê além dos atos de justiça própria, e ensina a verdadeira essência da oração. É válido orar em público, isso não está sendo condenado no texto, mas orar para ser visto, é uma indicação de que nosso verdadeiro objetivo é satisfazer nosso ego.

1. CUIDADO COM A VANGLORIA E AS VÃS REPETIÇÕES

Somos advertidos contra a vangloria (v. 5,5) e as vãs repetições (v. 7,8). Não devemos ser orgulhosos e vangloriosos em nossas orações, e muito menos procurar obter louvor dos homens. Era costume da época orar em pé nas sinagogas, o lugar da oração não está sendo atacado, e sim a intenção daquele que pretende que no momento seja surpreendido por outras pessoas. O exibicionismo é condenado por Jesus, por isso devemos entrar em nosso quarto para orar (v. 6). Jesus orou em público (Cf. Lc 10.21,22; Jo 11.41,42), por isso não é válida a interpretação radicalista que algumas pessoas acrescentam a este texto. A oração particular é a melhor forma de treinamento para orar em público.

Jesus também adverte contra as vãs repetições e o muito falar, os cristãos não devem adorar a Deus com orações pagãs, se igualando a ostentação utilizada pelos hipócritas. Essa atitude é como se a oração fosse "um esforço para vencer a má 'vontade de Deus' em responder", "cansando-o" com palavras. Entretanto não é a mera extensão ou repetição que Cristo condena, isso é ratificado quando ele orou a noite inteira (Cf. Lc 6.12), e repetiu seus pedidos (Cf. Mt 26.44), o que está sendo condenado é a motivação indigna que conduz tais atos religiosos.

Várias religiões e seitas não possuem liberdade nem espontaneidade em suas orações. São palavras previamente decoradas ou lidas, portanto são vãs repetições. Os hindus, em seus rituais, empregam os chamados mantras, pronunciações repetitivas que visam colocar a pessoa em estado de êxtase. Os católicos repetem incessantemente suas rezas. Essas práticas, no entanto, além de vãs, estão muito longe do conceito bíblico de oração ensinado por Jesus, que deixou bem claro que ninguém será ouvido pelo fato de muito falar. A oração sincera e espontânea é a única forma de colocar o ser humano em contato com Deus (Jr 29.13,14). A Bíblia nos mostra vários exemplos de oração espontânea ouvidas pelo Senhor (Gn 20.17; Nm 11.2; 2Rs 6.18; Sl 3.4; 25.5; 30.2; 50.15; 62.8; 120.1; Fp 4.6,7). O próprio Jesus proibiu o método de intermináveis repetições de palavras, escritas ou decoradas.

Deus conhece tudo, pois Ele é onisciente, logo nada foge do seu conhecimento, o que chamamos de atemporalidade (Hb 4.13). Jesus ratifica isso quando diz que Deus já sabe o que vamos pedir antes de nós orarmos (6.8). Isso também não quer dizer que vamos deixar de orar, o que o texto afirma é que devemos expressar a necessidade e dependência que temos dEle, e assim desfrutaremos de suas promessas. Deus já sabe do que precisamos antes de pedirmos, podemos repetir nossas petições desde que nossa motivação não seja indigna. Não podemos achar pelo muito orar que vamos incomodar a Deus.


2. A ORAÇÃO MODELO

Quando Cristo condenou o erro dos hipócritas, ele também instruiu a fazer o certo. Suas instruções foram de reprovação por não sabermos orar como deveríamos. Ele nos auxilia colocando palavras em nossos lábios: “Portanto orareis assim” (v.9). Jesus não nos ensina algo para ser repetido, mas nos dá um modelo de oração.

Ele ensinou este modelo de oração por causa dos pagãos que usavam as suas orações para tentar sensibilizar seus deuses e obter favores. Nessa época os adoradores de Baal, estavam cativando até os judeus fieis com suas hipocrisias (encenações teatrais, do grego hupokrites, ator). Por isso Jesus fornece um modelo de oração:

"Pai nosso que estás no céu..." (Mt 6.9): O nascimento espiritual da direito ao cristão de ser filho de Deus (Jo 3), e poder orar a Deus com quem conversa com seu pai amado (Em aramaico: Abba, Mc 14.36; Rm 8.15; Gl 4.6). "...Santificado seja o teu nome.." Santificar o nome de Deus é O reverenciarmos e tratar o Seu nome como Santo, por isso nossa vida deve ser em constante adoração, inclusive na oração, louvemos sempre a Ele antes de fazermos algum pedido.

"Venha o Teu Reino.." (v. 10): Devemos desejar e trabalhar pelo estabelecimento do Reino de Deus, em nossas vidas e comunidades, ao receber pessoalmente o Espírito Santo, que traz salvação, paz, alegria e a justiça de Cristo. Reino esse que será estabelecido de forma plena no futuro iminente, quando Jesus voltar, e o último inimigo for vencido definitivamente (Ts 2.8; 1 Co 15.23-28). Assim a terra usufruirá a mesma glória de Deus que há nos céus (Cf. 2 Pe 3.13).

"Dá-nos hoje o pão para este dia" (v: 11): O cristão reconhece que é o SENHOR quem supre diariamente todas as nossas necessidades, e é grato por isso. A fome, as guerras e outros sofrimentos sociais não ocorrem por indiferença da parte de Deus, mas pelos pecados dos indivíduos (malignidade) e das nações.

As vezes achamos que Deus é o causador de coisas ruins acontecerem no mundo, mas não, a causa é o próprio pecado do homem. Pois da mesma forma que é impossível criar um quadrado redondo, assim não é possível um Deus Santo criar o mal e o pecado. Uma definição que esclarece muito bem este questionamento, encontra-se no livro Deus, a Liberdade e o Mal, do filósofo cristão Alvin Plantinga. Ele responde o questionamento sobre a causa do mal existir no mundo: "É claro que inclui a ideia de que o mal que não é devido a agência livre humana é devido a agência livre de outras criaturas racionais e significativamente livres."[1]

"...perdoa nossas dívidas, assim como perdoamos os nossos devedores.." (v. 12): Devemos nos lembrar de perdoar as pessoas que nos devem (bens materiais ou justiça), com a mesma misericórdia e generosidade com que Deus nos perdoa sempre (1 Jo 5.9). Observemos que Jesus ressalta a importância do perdão no Reino de Deus (6.14, 15).

O perdão dos pecados, quer sob a lei mosaica ou na igreja, sempre é pela Graça de Deus e com base na expiação feita por Jesus na cruz. Entretanto, o caso de um cristão confessar seu pecado e pedindo perdão a Deus, enquanto guarda rancor contra outra pessoa, além de ser uma atitude inadequada, também é hipócrita.

"..não nos induzas à tentação..." (v.13): O servo do SENHOR é o alvo favorito dos ataques e artimanhas do Diabo. Mas Deus tem poder para nos livrar de todo mal e levar-nos, para lugar seguro, longe do alcance dos demônios. Não há amargura, decepção, fraqueza, vício, perda ou dor maiores do que o amor e o poder "...e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal..."

A palavra grega periasmos (πειρασμος) significa "tentação", podendo significar também "teste ou provação" em outros trechos. Assim, a tentação, que do ponto de vista do Diabo é sempre uma cilada para nos destruir, do ponto de vista de Deus é uma oportunidade para fortalecimento da fé e crescimento espiritual (Lc 22.32). Deus controla o universo visível e invisível, incluindo o Maligno e seu reino; por isso, é ao SENHOR que devemos pedir livramento das tentações e forças para vencer as provações (1 Co 10.13). Jesus deixa bem claro no seu modelo de oração, que o cristão somente consegue a vitória, vigiando e orando.

Mas Jesus não está sugerindo que Deus nos guia a tentação, simplesmente está pedindo que sejamos sacados de Satanás e seus enganos. Pois todos os cristãos passam por tentações, e alguma das vezes ela é tão sutil que inclusive não sabemos o que estamos passando. Mas Deus nos assegura em Sua Palavra que não seremos tentados além do que possamos suportar (1 Co 10.13).

"Porque, se perdoardes aos homens.." (v. 14-15): Jesus nos coloca em alerta quanto ao perdão se refere: Se não queremos perdoar os que nos ofendem, tampouco Deus nos perdoará. Por quê? Negaremos o que temos em comum como pecadores, necessitados do perdão de Deus. O perdão de Deus não é o resultado direto de nosso ato perdoador dos outros, e sim apoiado em nosso entendimento do significado de perdão (Cf. Ef 4.32).

Devemos perdoar os que nos ofendem, porque se não perdoamos apenas evidenciamos que não temos o fruto do Espírito sendo gerado em nosso caráter, portanto se não haver perdão aos nossos ofensores, também não seremos perdoados. O perdão deve ser de coração, e não ilusório (Mt 18.28, 35), perdoar é lembrar da ofensa sem sentir dor. Sabemos que sofremos a ofensa, mas aquilo não nos afeta, pois o perdão é uma ferramenta para a libertação de nossa vida e dos nossos ofensores.

Aqueles que não perdoam, tem por característica na Bíblia a insensatez, deslealdade, sem amor pelos familiares, sem misericórdia com o próximo (Rm 1.31), no dia do juízo não haverá misericórdia sobre quem não aprendeu a perdoar, mesmo sendo frequentador de uma igreja (Tg 2.13). Quem é convertido perdoa e obedece, por amor ao que diz a Palavra de Deus, mas aquele que se convence e cria a sua própria verdade subjetiva não é um cristão autêntico. Somente os que se humilharam e se converteram ao que diz na Palavra de Deus.

CONCLUSÃO

O Evangelho de Jesus vem sendo fraudado por pessoas gananciosas, e a estes Deus vai tratar cada um no dia do juízo, ser cristão não é brincadeira como muitos pensam, devemos ter seriedade com o que a Bíblia nos diz. Existem hoje muitas pessoas que frequentam uma congregação para cultuar ao Senhor, mas poucos se convertem ao que diz a Palavra, a maioria infelizmente quer que a Bíblia se adeque a elas e não o inverso. Mas porque fazem isso? A resposta já sabemos, o coração da pessoa que é rebelde (At 7.51).

Deus abençoe
Graça e paz!

Referencias Bibliográficas:
[1] Deus, a Liberdade e o Mal / Alvin Plantinga. Tradução: Desidério Murcho. - São Paulo: Vida Nova, 2012. Pág. 82.

Bíblias Utilizadas: 
Bíblia King James
Bíblia Apologética com os Apócrifos
Bíblia Thompson

«
Próximo
Postagem mais recente
»
Anterior
Postagem mais antiga

Nenhum comentário

Comentários