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Legalismo x Cristianismo

Por Flávio G. Souza

Tenho visto diariamente muitas pessoas que gostam de dizer que são cristãs, mas, através de suas atitudes, vejo justamente o contrário, pois a maioria pratica coisas contrárias ao verdadeiro ensino do evangelho.

Pelo menos eu acho que essas pessoas estão equivocadas sobre o que é o verdadeiro cristianismo. Muitos acham que fazer parte de um grupo religioso os torna melhores do que os outros, mas será que esse é o verdadeiro ensinamento deixado por Jesus?

No geral, os incautos creem no engano de que, se fizerem mais do que os outros, serão os maiores. E, olhando para isso, só consigo me lembrar da oração do fariseu e do publicano:

Dois homens subiram ao templo para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!

Lucas 18.10-14

Os fariseus eram um dos principais grupos religiosos judeus; seguiam rigorosamente a Lei de Moisés, as tradições e os costumes dos antepassados (Mt 23.25-28), além de acreditar na ressurreição e na existência de seres celestiais (At 23.8). Já o publicano era um judeu a serviço de Roma para cobrar impostos e era considerado um dos piores pecadores por causa da função que exercia. Eram odiados por outros judeus por serem vistos como traidores e, geralmente, eram desonestos, cobrando mais do que deviam (Lc 3.12-13).

Jesus encara toda a elite religiosa, sabendo que o sistema estava corrompido. E, como sempre, usa figuras do cotidiano como exemplo, citando a figura do fariseu e de um publicano para trazer uma lição às pessoas que estavam convencidas pela religiosidade (Lc 18.9). Era comum, naquela época, uma pessoa agradecer a Deus por ela ser justa e atribuir a si mesma os méritos; isso era visto como uma atitude de piedade. Na conclusão da parábola, é bem provável que os ouvintes tenham ficado escandalizados, pois, para eles, isso era uma atitude comum e piedosa. Mas Cristo nos ensina que aquele que se exaltar será humilhado (Lc 14.11), e é isso que a religiosidade faz conosco. Que não venhamos a confiar em nossas forças; o evangelho nos ensina a depender unicamente da Graça de Deus e não de nosso esforço (Jr 17.5; Ef 2.8-9; 2 Co 12.9). A autoconfiança nos leva a confiar em nossa capacidade, que é falha e depravada; se a Graça de Deus não estiver nos auxiliando, só iremos praticar o que é mal perante o Senhor, mesmo sabendo o que é bom (Rm 7.15).

Jesus reprova a falsa religiosidade e nos ensina que reconhecer nossos erros é essencial para nossa vida; caso contrário, levaremos um fardo sem necessidade. Em Cristo encontramos o alívio que tanto buscamos. Largue toda religiosidade vazia (Mt 11.28-30); a Graça de Deus nos basta (Cf. 2 Co 12.9).

Desejos da carne X desejos do Espírito

Nossa natureza deve ser morta diariamente na cruz. Não podemos ser dominados pelo pecado; caso contrário, haverá disputas inúteis entre o povo de Deus. Aconteceu algo semelhante com os discípulos:

E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se, porque, pelo caminho, tinham disputado entre si qual era o maior. E ele, assentando-se, chamou os doze e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos. E, lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou.

Marcos 9.33-37

Quando estavam se dirigindo a Cafarnaum, havia ocorrido uma contenda entre eles sobre quem seria o maior; as ambições mundanas ainda dominavam a mente dos discípulos. Dada a importância de honra naquela sociedade, tal preocupação desempenhava um papel significativo na mente do povo (Cf. 10.35-45). E Jesus introduziu uma revolução nesse modo de pensar, sem destruir a noção de hierarquia funcional. Na cultura judaica, os judeus esperavam a instauração de um reino terreno, onde haveria um domínio político-religioso. Entretanto, Jesus nos esclarece que honra e poder no reino de Deus são conquistados por amor, humildade, generosidade e serviço ao próximo. E, por causa disso, Ele usou uma criança como ilustração.

Pacientemente, Jesus reúne os doze e começa a reeducá-los. Ele vai à raiz da discussão: o desejo de ser o primeiro [1]. Quando estamos em posição de destaque na vida secular, somos servidos pelos demais, isto é, quando estávamos longe de Deus, sem comunhão com Ele. Mas, quando Ele nos chama, é o inverso. No reino de Deus, o primeiro lugar estabelece uma posição da qual se serve os outros. Os doze, porém, não estão praticando o ensino de Jesus. A autonegação sucumbe ao desejo de prestígio e poder. "Se alguém quer" (v. 35) indica que isso é um novo aspecto da essência do discipulado, explicado anteriormente (Mc 8.34-37). [2]

Jesus, servo de todos até a cruz (Fp 2.5-8), conclama seus discípulos a serem servos também. Ele toma uma criança em seus braços a fim de ilustrar o que está dizendo (v. 36). O contexto cultural dos discípulos informava que uma criança não era somente fraca, mas também incapaz de obedecer à própria Lei. No mundo greco-romano, uma criança era considerada um ser insignificante, ganhando importância somente depois de treinada e educada. Tanto em aramaico como em grego, o termo "criança" poderia significar, também, "servo", indicando assim alguém sem posição ou autoridade que vivia à mercê dos outros. [3]

É importante lembrar que Jesus não está atacando a posição de liderança, mas mostrando o modo como deve ser exercida (isto é, como "último e servo de todos"). Este princípio é exemplificado pelo próprio Jesus, que "não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (10.45). A maneira abnegada de Jesus cumprir o seu papel messiânico — que é o primeiro e mais importante no reino — oferece o padrão para seus discípulos em todos os papéis secundários que eles podem desempenhar no reino de Deus.

Jesus também não está ensinando que devemos agir com "qualidades infantis" (Mc 10.13-16); Ele está ordenando que seus seguidores tratem bem todas as pessoas que normalmente não recebem atenção alguma. Ele nos deu o exemplo agindo como servo (Fp 4.5-8), amando a todos sem fazer acepção de pessoas, e ordena que devemos agir da mesma maneira (Jo 13.35). A dignidade concedida por Deus a todo ser humano é exemplificada pela criança. A expressão "pequeninos" pode ser entendida como crianças, os novos convertidos e os cristãos em fase de amadurecimento espiritual (Rm 14; 1 Co 8 e 9).

Jesus condenou o exclusivismo

Os discípulos, ao encontrarem um homem expulsando demônios em nome de Jesus (Mc 9.38-39), o repreenderam por se sentirem exclusivistas, mas, ao questionarem o Mestre, aprenderam que não podiam impedir. Jesus, desta forma, desaprova o sectarismo (partidarismo ferrenho das doutrinas e preceitos de uma seita) e o proselitismo (ação ostensiva visando mover pessoas de uma seita para outra). Devemos manter comunhão com todos os cristãos que foram regenerados pelo Espírito de Deus, isto é, com todos os salvos em Cristo, independentemente do seu grupo doutrinário.

Por outro lado, é inaceitável que um cristão verdadeiro seja neutro ao senhorio de Cristo. Ou é, ou não se é cristão. Para Jesus não existe "cristão nominal", ou seja, aquela pessoa que crê em Deus, mas não procura viver em comunhão com o Espírito Santo. [4] A unidade da igreja nem sempre será conquistada por meio de uma unanimidade teológica, porém, muitas vezes, no serviço humilde, generoso e compreensivo do amor fraternal em Cristo (Mt 25.34-46 conforme Mt 18.1-10 e Lc 17.1). Todos os atos de misericórdia, de cuidado e de cura feitos em nome de Jesus (isto é, com entendimento, ação e propósito de servi-lo) são eternamente reconhecidos como evidência de verdadeiro discipulado.

Infelizmente, vemos um retrato de sectarismo se repetindo hoje nas nossas igrejas. Ao invés de encontrarmos pessoas controladas pelo Espírito de Deus, vemos soberba, vaidade, mentira e hipocrisia, etc. Porém, no reino de Deus, não existe lugar para esses sentimentos. Os discípulos estavam pensando sobre um reino terreno, em termos de si mesmos como os principais ministros do Estado. Vemos que essa discussão durou mesmo após Jesus ter ressuscitado (At 1.6). Onde predominar o orgulho humano, sempre haverá disputa de egos sobre quem será o melhor, ou quem faz mais. Mas, no reino de Deus, a ordem é inversa: para ser o maior, é necessário ser o menor!

O orgulho foi a causa da queda de nossos pais. John Charles Ryle diz que todos nascemos fariseus, pois todos nós nos julgamos melhores e merecedores porque achamos que fazemos alguma coisa, quando fazemos nada mais que nossa obrigação. Essa altivez constitui-se numa barreira que nos mantém distantes do arrependimento diante de Deus e do amor ao próximo. [5]

Para ser grande no reino de Deus, é necessário ter o mesmo sentimento que Cristo teve: esvaziar-se e ter atitude de servo (Fp 4.6). Servo não significa uma posição servil, mas ter uma atitude que livremente atende às necessidades dos outros, sem esperar recompensa. Servir é a real liderança; ao invés de usar as pessoas, o líder as serve. O verdadeiro líder tem o coração de servo. [6]

Bibliografia: 
[1] Mulholland, Dewey M., Marcos, Introdução e comentário, Editora Vida Nova.
[2] Ibid.
[3] Ibid.
[4] Bíblia de Estudo King James Atualizada, KJA. Pág. 1867.
[5] Ryle, John Charles, Mark, 1993; p. 135.
[6] Barton, Bruce B., et all. Life Application Bible Commentary on Mark, 1994: p. 265.

Bíblias Utilizadas: 
Bíblia Thompson
Bíblia King James Atualizada (KJA)
Bíblia de Genebra

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