1. INTRODUÇÃO
Sobre a origem e queda de Satanás, existem muitas dúvidas e poucas
informações acerca deste tema nas Sagradas Escrituras. Mas é possível sabermos a origem e a queda de
Satanás? Lúcifer realmente era seu nome?
Neste estudo vou expor meu ponto de vista sobre o assunto, sei que existe muita discordância acerca deste tema e são poucos os textos bíblicos que nos fornecem pistas da identidade de Satanás.
Neste estudo vou expor meu ponto de vista sobre o assunto, sei que existe muita discordância acerca deste tema e são poucos os textos bíblicos que nos fornecem pistas da identidade de Satanás.
2. COMO
OCORREU A QUEDA DE SATANÁS?
Um dos textos que são usados para tentar
explicar a origem e queda de Satanás é Ez 28.12-15.
"Filho
do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o
Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em
formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a
tua cobertura: sardônica, topázio, diamante, turquesa, ónix, jaspe, safira,
carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus
pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim,
ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio
das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em
que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do teu
comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei,
profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das
pedras afogueadas."
Ez
28.12-15
A passagem é referente ao rei de Tiro, como pode-se notar no início do versículo, onde também subentende-se que o texto faz uma referência indireta sobre Satanás. Podemos ver isso também no Novo Testamento, quando Jesus disse, "Mas ele lhes disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago" (Lc 10.18). Há discordância sobre o texto de Ez 28,12-15, por não falar especificamente de satanás, porém faz-se uma referência indireta ao pecado de Satanás.
Também temos Is 14.12-14
"Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo."
2.1. O texto de Lucas 10.18 corrobora com Isaías 14.12-14
Entre os acadêmicos encontramos as
seguintes interpretações sobre o texto:
1.
É Satanás, porque a pessoa aqui mencionada é muito capitalista para ser
qualquer rei humano. Além disso, Satanás encaixa nos versículos 12-14, não
assim com o resto do capítulo.
2.
Poderia ser Senaqueribe ou Nabucodonosor, reis que tinham um poder supremo. Seus
povos os consideravam deuses. Estes reis desejavam governar o mundo.
3.
Poderiam ser ambos, Satanás e um grande rei humano, talvez Nabucodonosor já que
Babilônia se descreve como um trono do mal em Apocalipse 17, 18. O pecado de
Satanás e Babilônia foi a soberba. Comum a estes três pontos de vista é a
verdade de que a soberba está contra Deus e terá como resultado seu castigo.
Israel cometeu o engano de ser muito orgulhoso para depender de Deus e nós
somos vulneráveis a cometer o mesmo engano. [1]
Eu fico com a terceira interpretação, até por ela ser a mais coerente e prevalecer entre os teólogos, o texto faz uma tipologia a
pessoa de Satanás.
A ORIGEM DE SATANÁS
A ORIGEM DO MAL
Foi um dos espíritos criados por Deus antes do ser humano (Jó 38.7; Ez 1.5; 28:12-14). Ocupava posição extremamente exaltada e muitos acreditam que poder maior que o seu só se encontra no próprio Deus. (Ez 28:11-15). Essa mesma passagem indica que originalmente, Satanás não era um ser pervertido mas perfeito em sua personalidade e em sua astúcia, misturada com a sua natureza destruidora.
A ORIGEM DO MAL
Em geral, os teólogos concordam que
satanás pecou para ele ter sido expulso do céu, só há uma divergência sobre
como isso aconteceu. Dentro do estudo da teodiceia que se procura
solucionar o problema do mal, encontramos cosmovisões distintas do
teísmo, como o pensamento judaico cristão não enfrenta necessariamente um
dilema de explicar a existência do mal. Temos diversos tipos de teodiceia, são
elas:
1. TEODICEIA DO LIVRE ARBÍTRIO
Essa é a posição clássica e mais antiga
na história das religiões monoteístas. Diante da realidade do mal, ela afirma
que Deus permite o mal e o utiliza para fins bons. Ele permite o mal para
produzir um bem maior. Para explicar a origem do mal, afirma-se que o mal
sempre seria uma possibilidade, visto que Deus criou seres dotados de vontade
livre. E para que fossem de fatos livres, e não máquinas, esses seres sempre
teriam a possibilidade de optar contra a vontade de Deus, dando assim origem ao
mal.
2. TEODICEIA PEDAGÓGICA
Na teodiceia pedagógica o enfoque é
deslocado da origem do mal, e é colocado principalmente nos possíveis bons
resultados da experiência do sofrimento. A ideia é que a experiência do
sofrimento (mal) seria um benefício indispensável para o melhor desenvolvimento
das capacidades humanas, do contrário a humanidade permaneceria eternamente na
infância.
3. TEODICEIA ESCATOLÓGICA
O sofrimento e injustiça da vida são
uma realidade indiscutível. Todavia, numa teodiceia escatológica, i.e, que se
refere às últimas coisas, há esperança para o problema, pois ela está baseada
na convicção de que a vida transcende a morte e que justiça e injustiça
receberá em sua devida recompensa.
4. TEODICEIA PROTELADA
Trata-se da postura de expectativa e fé
positivas em que Deus a despeito do mal. A fé na soberania e bondade finais de
Deus almeja o entendimento de todas as questões. A diferença entre essa
teodiceia e a teodiceia escatológica é a seguinte: na teodiceia protelada,
espera-se mais uma compreensão do que uma compensação final do mal.
5. TEODICEIA DA COMUNHÃO
Na maior parte das vezes, a experiência
do sofrimento tem levado muitos a encontrarem motivos para romper com o divino.
Esta é, por exemplo, a fonte do ateísmo, do agnosticismo e do antagonismo
religioso. Essa posição, no entanto, enfatiza que Deus é o principalmente
percebido e conhecido no sofrimento. O Deus verdadeiro é aquele que se
compadece. É o Deus que sofre com suas criaturas e que de certa forma, é vítima
do mal com elas. Esta teodiceia não explica por que existe sofrimento
imerecido. [2] Agostinho de Hipona por exemplo, corroborou com a teodiceia do livre arbítrio, como uma solução para
explicar o porquê da existência do mal.
A ORIGEM DO NOME "LÚCIFER"
A origem deste nome vem da tradução Vulgata
latina feita por Sofrônio Eusébio Jerônimo (345-420), onde ele recebeu a
incumbência em 382 d.C, iniciando o seu trabalho quase que de imediato, fez a
revisão dos evangelhos completando-os em 383, porém hoje não se sabe qual texto
latino foi usado para realizar a revisão, é provável que tenha sido o texto do
tipo alexandrino.[3]
O nome Lúcifer significa "Estrela
da manhã", "filho da alva" ou "o que brilha", "o
que traz luz" e "portador da luz". A palavra Lúcifer foi usada
na versão em Latim da Bíblia, na Vulgata para traduzir a palavra hebraica heylel.
É atribuído a satanás em Is 14.12 e Lc 10.18.
O dicionário Strong também traduz da
mesma forma
הילל (heylel): aquele que brilha, estrela da manhã, Lúcifer
1a)
referindo-se ao rei da Babilônia e a Satanás (fig.)
2)
(DITAT) ’Helel’ descrevendo o rei da Babilônia
CONCLUSÃO
Creio que o nome Lúcifer não foi uma invenção de Jerônimo na Vulgata Latina ou
da igreja, é apenas a transliteração da palavra hebraica הילל (heylel). E não entendo o porquê
que muitos teólogos rejeitam essa corrente, pois é feita uma comparação nos
textos citados acima, não falando diretamente de Satanás, mas fazendo uma alusão
ao pecado de Satanás e a causa de sua queda.
Referências bibliográficas:
[1] Bíblia
Diário Viver.
[2]
SAYÃO, LUIZ, O problema do mal no Antigo Testamento, o caso de Habacuque, Pág.
26-31 - São Paulo - Hagnos, 2012.
[3]
GEISLER, Norman, Introdução bíblica/ Norman Geisler e William Nix, tradução
Osvaldo Ramos. - São Paulo: Editora Vida, 2006. Pág, 213.
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